Patinador de uma perna só impressiona nas ruas de Macapá. E ele quer competir

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A deficiência física nunca foi uma barreira na vida do adolescente Lucas Vinicius, de 16 anos. Mesmo depois de ter perdido a perna esquerda em um atropelamento na BR-210 quando tinha sete anos de idade, ele leva uma vida “super normal”. Se engana quem acha que o rapaz tem restrições. Ele estuda, vai a festas, namora é e admirado pelos amigos. Ah, ele é patinador.

Mesmo com uma perna só, Lucas puxa o "trenzinho"

Mesmo com uma perna só, Lucas puxa o “trenzinho”

Mas chegar a esse ponto não foi fácil. Ele tinha vergonha de sair de casa e não aceitava a nova condição. “Eu via meus amigos brincando e não queriam que me vissem desse jeito. Eles me olhavam diferente e eu não queria ser diferente”, lembra Lucas. Quando completou 14 anos ele decidiu que queria sair e ser um garoto “normal”, foi assim que começou a patinar. “Um dia eu olhei na frente de casa e vi uns meninos patinando, pensei: vou fazer o mesmo, eu consigo”, conta.

Depois do acidente onde perdeu a pena esquerda foram anos sem sair de casa, até que Lucas viu uma turma de garotos patinando

Depois do acidente onde perdeu a pena esquerda foram anos sem sair de casa, até que Lucas viu uma turma de garotos patinando

A mãe dele não gostou da ideia e o desencorajou dizendo que a atividade era “perigosa”. Mesmo assim ele não desistiu. Ganhou depois de muita insistência um patins de um tio, começou a treinar no pátio de casa e um dia decidiu sair e se juntar ao grupo. “Quando ele chegou eu fiquei muito surpresa. Eu pensei: ele vai mesmo querer acompanhar a gente?”, relembra a amiga Deyzi Alves.

E  não tem medo de manobras mais arriscadas.

E não tem medo de manobras mais arriscadas.

Para surpresa de todos, ele pegou o ritmo da turma mais rápido que o esperado. “Quando o Lucas começou a patinar tivemos que ter paciência, mas hoje muitas vezes é ele quem puxa a gente. Vão para todos os lugares. Outro dia fomos patinando do Jardim I até o novo shopping (na Rodovia JK). Ele foi firme, temos muito orgulho dele”, afirma o patinador da mesma equipe, Deyverson Alves.

Com a turma inseparável.

Com a turma inseparável.

Três anos patinando e o estudante carrega duas marcas de quedas. “Quando comecei a dar saltos levei uma queda eu ralei meu braço. Depois tentando fazer graça cai de novo, ai tenho essa cicatriz nas costas, mas é normal, hoje já tenho mais cuidado”, garante o sorridente patinador.

A patinação o levou a sua segunda paixão: Marcela

A patinação o levou a sua segunda paixão: Marcela

Por onde ele passa, as pessoas param para observar, muitas ficam impressionadas. A paixão pelo esporte o levou a uma outra paixão: Marcela Lima. “Eu já observava ele na escola. Quando decidir patinar a gente começou a se olhar, ai ficamos. Já estamos há 3 meses namorando, e minha família o admira muito.”, conta Marcela.

Os amigos sentem um orgulho enorme dele. “Ele é uma pessoa normal, tem horas que eu não vejo limitação nenhuma nele”, assegura Deyverson.

Medo justificado

Os pais morrem de medo do perigo que ele corre nas ruas. “Minha mãe é super preocupada. Se ela pudesse eu não saia de casa”, revela ele. Depois da tragédia do patinador Thiago Jardel (morto ao pegar carona na traseira de um caminhão no ano passado), muitos pais proibiram os filhos de praticar o esporte. “Minha mãe não queria me deixar patinar, depois do ocorrido com o Thiago, mas depois de muita insistência ela me liberou”, diz Deyzi Alves.

O patinador quer competir, mas agora pensa em treinar. “Eu quero competir, mas preciso treinar mais. Os caras que patinam são muito bons e ainda não estou preparado para competir”, admite.

Enquanto a profissionalização não vem, ele se diverte com os amigos patinando, dá uns beijos na namorada, ganha a admiração da família e das pessoas que não deixam de se impressionar com o exemplo de superação.

Seles Nafes
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