Entenda porque Macapá tem sua identidade baseada na fé em São José

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O Amapá comemora hoje o Dia de São José, padroeiro do estado. O pai de Jesus é símbolo de fé e devoção para os amapaenses. De acordo com o catolicismo, o carpinteiro foi escolhido por Deus, pelo seu íntegro caráter, para guardar a virgem Maria e ensinar a justiça social a Cristo. Patrono Universal da Igreja, dos carpinteiros e dos pais, São José é homenageado em Macapá com músicas, instituições, time de futebol, ruas e o monumentos históricos, como a Fortaleza de São José.

Pico das comemorações, a missa em frente à antiga catedral

Pico das comemorações, a missa em frente à antiga catedral

O amapaense homenageia o santo desde o surgimento de Macapá, que inclusive levou o nome de Vila de São José de Macapá quando surgiu no mapa. A Catedral também foi erguida em homenagem a São José, bem como a maior fortificação construída pelos portugueses aqui por essas bandas. A história conta que toda essa homenagem vem do rei português Dom José I, que era devoto do santo. “O rei da época era devoto de São José. Tanto que a Catedral, a capela da Fortaleza e a Pedra do Guindaste receberam uma réplica da imagem do santo. Tudo para homenagear o protetor dos pescadores”, conta a monitora da Fortaleza Tereza Couto.

Macapá tem relação com São José desde sua criação

Macapá tem relação com São José desde sua criação

A igreja de São José, por exemplo, é uma construção histórica iniciada em 1752, apenas seis anos antes da criação oficial da Vila de Macapá. A paróquia, inaugurada em 1761 com o padre Joaquim Pair, recebeu a imagem original do padroeiro de 35 centímetros, além de quadros nas paredes que retratavam passagens bíblicas. “São José é símbolo de devoção, justiça, compaixão e fé. Um exemplo de homem santo a se seguir. Ele é considerado o protetor e guardador do menino Jesus”, declara o padre, Aldenor Benjamin.

Depois do Círio de Nazaré é a segunda mais numerosa manifestação católica do Estado

Depois do Círio de Nazaré é a segunda mais numerosa manifestação católica do Estado. Foto/Marconi Pimenta

Para os devotos do santo, seu exemplo de homem contribui para a formação do caráter e para a vida social. “Eu sempre que posso venho aqui para agradecer o exemplo de esposo, de pai, chefe de família e de homem justo. Um patrono querido na cidade que é exemplo para nossa sociedade”, afirma Maria de Fátima, de 52 anos.

Segundo dados do censo de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o município de Macapá possui 72,15 % de católicos, ou seja, 204.406 pessoas, muitos acompanham as festividades do santo padroeiro. “Ele é pai de Jesus. Tem muita força. Nós pedimos isso a ele, acompanhamos a missa, ladainha e as festividades”, conta o técnico em contabilidade, Carlos Nascimento.

O patrono dos pais tem sua imagem na Pedra do Guindaste, localizado ao lado do Trapiche Eliezer Levy. Na década de 1940, o local da pedra era um aglomerado de rochas e servia de alvo nos exercícios dos soldados. Em 1958 uma embarcação colidiu com a pedra original, que foi trocada pelo bloco de concreto com a estátua do santo padroeiro.

Existem muitas lendas em torno da Pedra do Guindaste. A mais conhecida é da existência de uma cobra grande que vive embaixo do bloco de concreto. De acordo com relato dos antigos moradores a imensa cobra sai de um poço quando a água do rio Amazonas está na preamar. A história passada de geração em geração diz que a cobra mede o limite de água pela pedra e se alguém tiver a infelicidade de retirar o concreto com a imagem do santo, o rio subirá tanto seu nível de água, que Macapá irá para o fundo. Segundo o professor e historiador Hermano Araújo, a lenda faz parte da identidade cultural amazônica. “O povo amapaense recria suas identidades com essas lendas. Todo esse mistério envolto da Pedra do Guindaste faz parte do imaginário popular que identifica a cultura amapaense”.

A Fortaleza de São José de Macapá é outro símbolo histórico com o nome do santo. O monumento é tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 22 de março de 1950. As obras da fortificação iniciaram em 1764, sob a engenharia de Henrique Gallúcio, Gaspar João Geraldo de Gronfelts, Domingos Sambucete e Antônio Laude. Também contribuíram os astrônomos João Brunélli e Miguel Antônio Cícero. Construída pelas mãos de negros, índios e escravos foi finalizada em 1782 e tinha a função de garantir o domínio lusitano no extremo norte do Brasil. Sua forma assemelhasse a uma estrela e dispõem de quatro baluartes: Madre de Deus, São Pedro, Nossa Senhora da Conceição e São José.

 

Seles Nafes
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