Povos indígenas “invadem” a Fortaleza para chamar atenção do poder público

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Representantes de 28 povos indígenas montaram acampamento ao lado da Fortaleza de São José de Macapá com o objetivo de chamar atenção para problemas crônicos enfrentados nas aldeias, principalmente nos setores da saúde e educação.

Os povos indígenas reivindicam a instalação de unidades de saúde com médicos e medicamentos nas aldeias que ficam localizadas em áreas de difícil acesso e distante dos centros urbanos. Essa realidade atinge, por exemplo, a comunidade Waiãpi, que tem suas aldeias localizadas dentro do Parque do Tumucumaque, a 18 quilômetros do posto de saúde mais próximo, no município de Pedra Branca do Amaparí.

Makaratú Waiãpi

Makaratú Waiãpi

Segundo o representante dos Waiãpi, Makaratú Waiãpi, o atendimento médico é tão distante que só são levados ao posto de saúde de Pedra Branca os índios que estão em estado crítico de saúde. “A distância e a falta de transporte acaba por prejudicar esse deslocamento. Os casos mais leves são cuidados pelos nossos chefes indígenas na aldeia mesmo”, contou Makaratú.

Outro problema enfrentado pelos Waiãpi são as invasões de terras que acontecem mesmo elas sendo localizadas dentro de uma reserva nacional. “Nós queremos mais atenção dos órgãos ambientais. Temos enfrentado problemas com madeireiros que invadem as nossas terras para derrubar a floresta. Já ocorreram desentendimentos e até agressão física entre índios e invasores. Por isso pedimos apenas que respeitem o nosso espaço que é demarcado” acrescentou Makaratu.

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A educação é outro ponto na pauta de reivindicações dos povos indígenas. Segundo eles, é preciso colocar nas aldeias mais profissionais de educação que possam contribuir com a formação dos índios. “Queremos mais professores e escolas para garantir a formação dos nossos jovens até o ensino médio. Assim, eles terão oportunidade de participar dos processos seletivos do polo da Universidade Federal do Amapá (Unifap) localizado em Oiapoque, nas mesmas condições dos outros candidatos”, reclama o professor indígena Yanomami dos Santos Silva, da comunidade Karipuna localizada a 8 km da cidade de Oiapoque.

Yanomami se formou em 2007 no curso de letras da Unifap. Mas, ele diz que teve que morar desde cedo em Oiapoque para conseguir concluir o ensino médio. “Hoje eu ensino o meu povo, mas necessitamos de mais professores para nos atender e garantir a formação escolar da comunidade, dando oportunidade de melhores dias no futuro”, concluiu o professor.

Yanomami dos Santos Silva

Yanomami dos Santos Silva

Atualmente a comunidade Karipuna é atendida pelo sistema de ensino modular. Nesse tipo de sistema, professores são deslocados às aldeias e passam cerca de dois meses ensinando os indígenas. Depois, professores de outras matérias são destacados. E assim continua até o fim do ciclo.

Por conta dessas precariedades as comunidades indígenas se deslocaram a Macapá para pedir melhorias. Eles querem mostrar que apesar do dia 19 de abril, em que é comemorado o Dia do Índio, ser considerado um marco na história indígena, as comunidades não estão satisfeitas com os serviços ofertados pelo poder público.

Seles Nafes
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