Mucajá: uma comunidade sitiada pelo medo

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O assassinato da professora Maria Celis Coutinho Ferreira, de 56 anos, em frente ao conjunto Mucajá, no Bairro do Beirol, Zona Sul de Macapá, descortinou os problemas enfrentados pelos moradores do conjunto quanto às ações criminosas patrocinadas por pessoas que moram no local. As famílias vivem com medo e não aceitam ser identificadas, mas narram todos os tipos crimes que são cometidos na área.

Os assaltos na parada de ônibus que fica em frente ao conjunto, a 300 metros do Comando da Polícia Militar, são apenas parte do problema. Tráfico de drogas, prostituição infantil e agressões, viraram rotina na vida dos moradores do Mucajá.

Moradores não querem aparecer e dizem que bandidos condenam à morte quem chama a polícia

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Como os bandidos moraram no conjunto, as famílias vivem com medo. “Todos os moradores sabem o que acontece aqui e como os bandidos agem. Porém não denunciamos porque temos medo de morrer. Tem noites que eles passam de bloco em bloco gritando que vão pegar os delatores”, contou a moradora.

Os moradores sabem onde os bandidos se escondem, mas não falam nada à polícia. “Pra que vamos dedurar, se em menos de 24 horas os bandidos estão soltos e fazendo novas vítimas. Já estamos conformados com esses problemas que sempre existiram”, acrescentou a moradora.

O problema é que existem moradores que defendem os bandidos e votam contra a presença da PM dentro com conjunto. “Nós realmente encontramos alguns entraves para atender o Mucajá. Alguns moradores não aceitam a nossa presença e até escondem os bandidos quando entramos para fazer uma ronda”, contou o diretor de Operações do 1º Batalhão da PM, tenente Alex Sandro Xavier.

Em fevereiri, carro-tumba da Politec entra no Mucajá para remover dois corpos de pessoas assassinadas

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Para os moradores ouvidos pela nossa reportagem, o que aconteceu com a professora foi uma tragédia anunciada. “Todos os dias tem roubos aqui na frente. Na maioria dos casos as pessoas não fazem nem boletim de ocorrência porque têm medo. Não são apenas as pessoas de fora que são assaltadas, quem mora aqui também sofre as agressões. Sabemos quem são os assaltantes, mas não podemos fazer nada. Isso seria o mesmo que assinar a sentença de morte”, relatou outra moradora.

A moradora diz ainda, que boa parte dos residentes do Mucajá sabia onde os garotos que mataram a professora estavam escondidos, pois um deles reside em um dos blocos do conjunto. “O “Pretinho”, acusado de ter efetuado as facadas em Maria Celis, já é um velho conhecido da polícia. Pelas nossas contas ele já tem duas passagens pelo Centro de Internação Provisória (CIP), mas em todos os casos foi solto rapidamente. Ainda na terça-feira, 20, nós o pegamos em atitude suspeita dentro do conjunto, mas como não encontramos provas de algum delito tivemos que soltá-lo”, lembrou Alex Sandro.

O tenente Alex Sandro contou que “Pretinho” é um dos infratores que se formaram em uma área da Fazendinha conhecida como Ponte do Apertadinho. “Lá ele começou como aviãozinho, e hoje atua dentro do conjunto Mucajá praticando assaltos”, concluiu o militar.

Seles Nafes
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