Dois anos depois: Clécio diz que “ainda há muito o que fazer”

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O prefeito de Macapá, Clécio Luis, recebeu a equipe de SelesNafes.Com e fez um balanço dos seus dois anos de governo nas áreas de gestão e política. O prefeito preferiu não apontar defeitos no governo de Camilo Capiberibe (PSB), mas pontuou detalhes da crise no Psol e no quadro da Prefeitura.

SelesNafes.Com: Qual era a situação da Prefeitura de Macapá quando o senhor assumiu em 2013?

Clécio Luis: Nós pegamos a Prefeitura numa situação dramática. De insolvência total. Inadimplente. Desestruturada. Tinha R$ 20 milhões de salários atrasados, reajustes, progressões e promoções não pagos. Mais de 2 mil servidores tinham rendimento abaixo do salário mínimo. Muitos prédios interditados pela Defesa Civil. A malha viária da cidade estava desestruturada, assim como, os serviços da prefeitura. O mais caótico deles era o serviço de limpeza.

SN: Qual foi o foco no seu primeiro ano na prefeitura?

CL: Conseguimos, ainda em 2013, avançar na estruturação. Pagamos os salários atrasados, honramos as progressões e promoções dos servidores. Conseguimos colocar a prefeitura adimplente e recuperamos a relação com o servidor elevando os salários. Voltamos a elaborar projetos para captação de recursos junto ao governo federal. As obras abandonadas foram reiniciadas e começaram a andar. Foi um ano com muita dificuldade, mas conseguimos organizar a casa.

SN: Qual a análise desses dois anos de governo?

CL: Arrumamos a casa. Mas a situação financeira foi difícil, principalmente porque o Brasil enfrentou uma crise séria. A expectativa de crescimento do Brasil era de 4%, mas crescemos apenas 0,2%. Isso teve um impacto direto no Fundo de Participação dos Municípios, que mexeu com nossas finanças. Mesmo com todos esses problemas financeiros, hoje não tem um salário atrasado na Prefeitura de Macapá e não há nenhum servidor ganhando menos de um salário mínimo. Já reformamos 13 escolas e 11 unidades de saúde. Colocamos academias ao ar livre, reformamos o estádio Glicério Marques e os prédios de secretarias.

Céu das Artes, uma conquista apontada por Clécio

Céu das Artes, uma conquista apontada por Clécio

SN: A malha viária de Macapá foi um dos pontos de sua campanha em 2012. O que foi feito para melhorar esse setor?

CL: Fizemos junto com o governo do estado 43 quilômetros de asfalto novo. O trabalho foi feito em ruas que nunca foram asfaltadas e também naquelas onde a pavimentação já não prestava mais. Isso equivale a 10% do que foi feito durante 30 anos em Macapá. Agora imagina se cada um tivesse feito sua parte. Conseguimos habilitar Macapá em três programas, ou seja, ainda vamos ter R$ 144 milhões para investir nas ruas da cidade, assim que o governo federal aprovar os projetos e liberar esse recurso.

SN: Os conjuntos habitacionais são uma marca na sua gestão. Qual a preocupação nesse setor?   

CL: Quando eu assumi, Macapá era a única capital brasileira que não tinha uma única política habitacional. Nesses dois anos recuperamos e entregamos o Mestre Oscar e estamos construindo o São José, com previsão de entrega para o ano que vem. Ainda tem o Açucena que está começando a ser construído. Nós não queremos inaugurar casas. Queremos conceitos criativos e inovadores com sentimentos. Homenageamos nosso maior músico e compositor do hino do Amapá, Oscar Santos. O São José com 1.440 unidades vai homenagear nossos artesãos, mestres de ofícios e operários. O Açucena com 1.500 unidades já trabalha um conceito de cultura popular, especialmente o Marabaixo e o Batuque. E já temos mais dois conjuntos habitacionais projetados.

Conjunto São José será entregue ano que vem pela Prefeitura

Conjunto São José será entregue ano que vem

SN: Macapá tinha um grande problema na coleta de lixo. Como está a manutenção urbanística da cidade?

CL: Não mudamos apenas o serviço. Mudamos a concepção da manutenção urbanística. A nova empresa faz um trabalho de coleta de lixo domiciliar, limpeza das áreas de ressaca, capina, pintura e manutenção de praças. Queremos avançar muito na consciência ambiental. Principalmente sobre o aterro sanitário. Nós já estamos dentro da legislação federal, tanto que a prefeitura oferece o aterro (controlado) para os municípios de Santana e Mazagão.

SN: Apesar do intenso trabalho da CTMac no trânsito, Macapá ainda tem gargalos, principalmente na Ponte Sérgio Arruda e na Rodovia do Pacoval. O que está sendo feito pela mobilidade urbana?

CL: Nós fomos durante uma década a capital que mais matou no trânsito. Primeiro saímos de uma crise e depois investimos em plano de cargos e salários. Antes Macapá tinha uma viatura, hoje tem sete. Sinalizamos a cidade de forma vertical e horizontal. Investimos em campanhas de educação no trânsito, principalmente a da faixa de pedestre e a do “anjo” no carnaval. Instalamos 32 semáforos de LED com no-break no ano passado. Este ano instalamos mais 58 semáforos para veículos e pedestres. Além disso, instalamos monitoramento eletrônico em seis pontos. Isso vai continuar em 2015 para melhoria da cidade.

SN: Na área da saúde, Macapá afastou com sucesso o perigo da chikungunya, mas não atingiu a meta de vacinação contra sarampo e pólio. Como o senhor explica isso?

CL: Bom, vale frisar que o sucesso no combate à dengue e chikungunya só foi alcançado por causa do alarme do senador Randolfe Rodrigues (Psol) no Senado. Mas, sobre a vacinação eu posso te dizer que Macapá hoje não mente e nem omite dados, como era feito antes. Se temos só aqueles dados apontados no levantamento, é porque é isso mesmo. Essa é a realidade de Macapá. Mas a campanha continua até 31 deste mês então podemos fechar os dados.

SN: Sua gestão reformou o prédio da Guarda Municipal, reativou o serviço, deu novos equipamentos, mas continuou com os mesmos guardas. Quando a população terá um concurso para esse setor?

CL: Eu queria fazer concursos para todos os setores, mas não temos recursos para fazer um concurso, nem manter novos servidores. Os guardas fazem um trabalho de patrimonial e de vidas, diferente do que era antes. É uma classe que eu tenho muito respeito pelo serviço e história, mas não posso lhe dizer quando teremos concursos.

SN: Umas das suas promessas de campanha era a construção de creches para Macapá. Quando a população terá essas creches?

CL: A área da educação é umas das minhas preocupações nesse governo. Reformamos 13 escolas e outras ainda passam por obras. Enfrentamos um percalço nesse setor, mas obras de 11 creches em Macapá já estão em andamento. Elas serão entregues até o fim de 2015. E serão creches com todo o conforto e conceito especial para crianças de Macapá.

SN: Atualmente, como estão as finanças da prefeitura?

CL: Não devemos nada. Estamos adimplentes. Todos os servidores estão sendo remunerados, valorizados e honrados. Apesar da crise no Brasil, posso dizer que conseguimos estabilizar as finanças de Macapá.

Clécio tem bom diálogo com Camilo, ao lado do senador Randolfe

Clécio tem bom diálogo com Camilo, ao lado do senador Randolfe

SN: Qual a relação da sua gestão com o governo do estado?

CL: Temos uma relação boa. O governo repassa os recursos. Estamos fazendo obras conjuntas como a Rodovia do Pacoval, por exemplo. Não há nenhum impedimento de relações. Mas, nesse momento de transição já dialoguei com o governador eleito para que essa relação continue. Afinal, o beneficiado com tudo isso é o povo amapaense e a cidade.

SN: O senhor tem apoio dos três senadores, mas não possui tanto apoio assim dos deputados e vereadores. Como resolver essa conjuntura para 2015?

CL: Bom, primeiro quero agradecer o trabalho da bancada federal que saiu. Nossa bancada é pequena, mas fez muito pelo Amapá e seus municípios. Principalmente na captação de recursos. Eu mesmo, quando vereador, acompanhei o trabalho deles. Tenho um bom diálogo com todos. Só agora vieram cinco nomes na cabeça, então acredito que possa dialogar com os eleitos. Um deles é o ex-prefeito Roberto Góes, que com certeza vai querer melhorias para Macapá.

SN: O senhor apoiou a reeleição de Camilo Capiberibe (PSB) no primeiro e segundo turno das eleições. Em sua opinião, o que faltou na gestão dele para reelegê-lo?

CL: Bom…Isso seria uma análise, mas prefiro não apontar defeitos ou acertos dele. Mesmo porque tínhamos um acordo maior de apoiá-lo. Não quero julgá-lo. Então, prefiro me abster dessa resposta.

SN: Nesse momento há uma crise dentro do Psol. Há comentários afirmando que alguns militantes devem ir para o PT, inclusive do senador Randolfe Rodrigues. Qual sua posição? O senhor deixará o partido?

CL: Não. De forma nenhuma. O Psol é um partido de esquerda e eu me identifico e sou satisfeito com a militância do partido. O dia que algo me incomodar, eu falarei e sairei. Mas agora não tenho motivo para sair.  Eu acredito que o partido se agigantou, assim como aconteceu com o PT quando saí de lá. Muitas ideias juntas e muitas pessoas. Eu estou satisfeito com o partido.

SN: O senhor já pensa nas próximas eleições e aliados?

CL: É muito cedo para falar disso. Ainda mais nesse processo de transição. Tenho um bom dialogo com os parlamentares. Tenho experiência como vereador e agora prefeito. Mas ainda não penso nisso.  

SN: Faça um rápido balanço de sua gestão.

CL: O Restaurante Popular que está pronto para ser inaugurado, só falta um equipamento que está sendo fabricado por encomenda. Retomamos o Macapá Criança, uma obra que precisava devolver R$ 3 milhões para o BNDS. Retomamos às obras do CEU das Artes, assim como, o Conjunto Mestre Oscar Santos. Começamos a apresentar projetos e captar recursos. Fizemos esse dever de casa, saindo da nota fiscal de papel para a eletrônica e aos poucos melhorando a malha viária, sinalização e trânsito de Macapá. Macapá está melhor que há dois anos, mas há muito trabalho para fazer.

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