Tumucumaque: “Só comi cabeça de peixe. Perdi 7 quilos”, diz técnica que estava isolada em aldeia

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Três técnicos de enfermagem do Distrito Sanitário Indígena (Dsei) permanecem isolados em aldeias indígenas do Parque do Tumucumaque, área que compreende os estados do Pará e do Amapá. Todos os técnicos são lotados no Dsei de Macapá incluindo um médico cubano, que comunicou o caso por rádio ao Programa Mais Médicos, administrado pelo Ministério da Saúde.

Desde a semana passada o distrito tenta trazer os técnicos de volta para Macapá, mas alega que o mau tempo tem impedido o pouso de monomotores nas pistas alagadas pelas chuvas. Ao todo são 17 pistas em péssimas condições. Algumas são esburacadas e outras ficam completamente alagadas.

Helicóptero usado para o transporte dos técnicos.

Helicóptero usado para o transporte dos técnicos.

 A direção do Dsei chegou a garantir na quinta-feira, 12, que todos seriam transportados de volta, mas no fim do dia,  um helicóptero (em duas viagens) conseguiu trazer apenas quatro técnicos e duas pacientes indígenas com acompanhantes. Ainda não há previsão de quando o restante da equipe voltará para Macapá.

Os técnicos estão 12 dias além da escala de serviço que normalmente é de 15 dias. Uma das técnicas que voltou é a mesma que teria desmaiado de fome, e disse que na aldeia Cuxeré, longe da Missão Tiriós (onde existe uma base da Aeronáutica), os índios não gostam de ajudar. “No pior momento eu chamei o cacique e pedi ajuda, mas ele disse que não tinha comida pra gente. Em 12 dias eu comi seis vezes, e em todas às vezes eles me deram apenas uma cabeça de peixe. Perdi 7 quilos. A alimentação dos índios é diferente. Não há nem café preto. Eles se alimentam de sacura, uma bebida extraída da mandioca e muito forte”, relatou a técnica, que pediu para não ser identificada.

Alojamento dos técnicos em uma das aldeias. Comida acabou há 12 dias

Alojamento dos técnicos em uma das aldeias. Comida acabou há 12 dias

 

Sem respostas do Dsei em Macapá, o médico cubano pediu socorro ao Ministério da Saúde por rádio, o que é muito complicado nesta época do ano na região. A energia que alimenta o rádio é de baterias solares pouco carregadas por causa da chuva. O site SelesNafes.Com tentou falar várias vezes com a diretora do Dsei, Nilma Pureza, mas ela não retornou nenhuma das chamadas ou recados. 

 

Seles Nafes
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