“Terra Caída”: Erosão ameaça vilas no Bailique

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A erosão causada pelas chuvas intensas e a força das correntezas já derrubaram 15 casas em duas localidades do Arquipélago do Bailique, que fica a 12 horas de barco de Macapá. As vilas Progresso e Macedônia foram as mais atingidas. Até uma unidade de saúde está interditada correndo o risco de cair com as próximas cheias do rio.

O posto de saúde da localidade está prestes a cair dentro do rio

O posto de saúde da localidade está prestes a cair dentro do rio

Uma equipe da Defesa Civil Municipal está saindo de Macapá na tarde desta terça-feira, 03, para atender as famílias atingidas. “Além das 15 casas que já caíram, outras 30 correm o risco de serem atingidas pela erosão. Por isso o primeiro passo será a demolição das casas para evitar que sejam levadas pelas correntezas”, contou o coordenador da Defesa Civil Municipal, Maykon Vaz.

Para a Defesa Civil, o que está ocorrendo no Bailique é um fenômeno conhecido como “terra caída”, que acontece em todos os rios da Bacia Amazônica, e que vem atingindo há muito tempo a localidade. Mas só agora os deslizamentos atingiram áreas habitadas. O mesmo fenômeno atinge atualmente a orla do Araxá, onde a maré invade o continente e derruba as casas. Esse fenômeno é provocado pelo desmatamento das margens dos rios.

Segundo o geólogo, Renê Luzardo, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o fenômeno é provocado no momento em que os leitos dos rios estão baixos e não há um muro de arrimo para impedir que a água escave as beiradas. O muro de arrimo natural seriam as matas ciliares que já não existem mais nesses locais. “Na época das cheias o rio acumula a carga de areia e lama nas encostas, mas ela aparece instável e permanece praticamente boiando na água. Entretanto, quando vem a vazante, esse material fica exposto ao sol e por estar fora da água não sofre mais o que chamamos de empuxo [força contrária, provocada pelo rio, que impede o deslizamento]. Depois disso, o material simplesmente perde a estabilidade e escorrega, provocando o deslizamento”, explicou o geólogo.

Por conta do fenômeno a equipe da prefeitura de Macapá estará ajudando as famílias atingidas a construírem suas casas em áreas mais afastadas da encosta. O próximo passo será a construção de um muro de arrimo para impedir que o deslizamento continue destruindo as encostas.

Seles Nafes
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