Acessibilidade: Mudanças acontecem lentamente

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Quando se fala em acessibilidade, muitas pessoas imaginam logo uma rampa de acesso a cadeirantes. Mas, o debate é bem maior. Essa realidade é um problema social, pois não é o meio que se molda às diferentes deficiências como deveria ser.

Atualmente o plano piloto das cidades tende a se moldar para garantir acessibilidade. Mas em Macapá o processo caminha a passos lentos, e isso gera debates na sociedade, principalmente entre os mais interessados. “Durantes anos tivemos reuniões com os setores do poder público enfocando, principalmente, a mobilidade urbana. Hoje os portadores de necessidades especiais encontram dificuldades para se locomover pelas calçadas, ter acesso ao transporte coletivo e ter acesso aos prédios onde trabalham. Essa realidade é causada por um crescimento desenfreado e sem padrões da cidade”, comentou Marcos Maciel, que é cadeirante e mora no conjunto Mestre Oscar.

As calçadas irregulares são obstáculos para os cadeirantes

As calçadas irregulares são obstáculos para os cadeirantes

Marcos conta que as calçadas irregulares anula a locomoção de cadeirantes pelas ruas da cidade. “Um exemplo é o conjunto Mestre Oscar. Lá as calçadas são cheias de aclives e declives. Essa irregularidade causa acúmulo de água, o que dificulta a locomoção dos cadeirantes. O problema se agrava com as precariedades do transporte coletivo. Hoje o conjunto tem quatro ônibus com acessibilidade, mas não há manutenção adequada nos equipamentos, e nós continuamos a ficar presos nas paradas aguardando o próximo ônibus que um elevador que funcione”, acrescentou o cadeirante.

Marcos Maciel reclama dos ônibus com elevadores quebrados

Marcos Maciel reclama dos ônibus com elevadores quebrados

Os deficientes visuais enfrentam os mesmos problemas, apesar da diferença de necessidades. “Qualquer pessoa que parar um pouco para observar, vai se surpreender com as dificuldades encontradas pelos cegos. Um problema crucial hoje é a falta de sinalização sonora. Como uma pessoa cega pode caminhar nas ruas da cidade, se não há a menor disposição do meio em atender as dificuldades. Como posso andar pelo centro comercial, se não há piso tátil no chão, as calçadas são irregulares e os sinais não emitem sonoridade. Existem escadas em pleno centro comercial sem nenhuma sinalização. Como uma pessoa cega pode se livrar dos obstáculos. Acabamos nos tornando reféns da ajuda de amigos e parentes”, contou a deficiente visual, Kérsia Silvestre.

Para outra deficiente visual, Margarete Lima, a sinalização já se tornou até um problema de saúde. “Como tenho um problema de baixa visão, sempre consegui ter um pouco mais de independência em minha locomoção. Mas a falta de sinalização sonora já ocasionou um acidente. Fui atropelada por um veículo que não esperou eu sair da faixa de pedestre quando o sinal fechou. Tudo por conta da imprudência do motorista e da falta de sonoridade. Pois com minha deficiência não há como acompanhar a contagem do pouco espaço de tempo que o pedestre tem para atravessar”, contou Margarete.

A falta de sinalização sonora prejudica os cegos

A falta de sinalização sonora prejudica os cegos

Para diferentes realidades existe uma reclamação em comum: a falta de agilidade para a implantação de medidas que possam realmente proporcionar uma resposta imediata aos portadores de necessidades especiais, independentemente da deficiência.

Kérsia Silvestre: luta por uma cidade acessível

Kérsia Silvestre: luta por uma cidade acessível

O outro lado

Sobre o assunto, a coordenadora Municipal de Mobilidade e Acessibilidade Urbana, Ariane Lima, defendeu que essas dificuldades já estão sendo defendidas frente às secretárias municipais, que hoje trabalham de forma integrada para mudar a realidade de Macapá. “Eu sou deficiente física e tenho conhecimento dos diferentes entraves que enfrentamos durante no dia-a-dia. É por isso que a prefeitura tem trabalhado de forma integrada com as secretarias para começar a mudar a realidade da acessibilidade na capital”, afirmou.

Um exemplo exposto pela coordenadora, são as ações da Secretaria de Obras (Semob), que tem influência direta sobre as novas obras executadas. Ariane explicou que todos os projetos feitos pela secretaria têm de passar pela coordenadoria para que a mesma possa avaliar se os projetos estão dentro das normas de acessibilidade e atendem as diferentes realidades. Esse mesmo caminho vem sendo seguido pela Companhia de Transito e Transporte de Macapá (Ctmac). “Na próxima sexta-feira teremos mais uma reunião com a CTMac para recebermos as demandas a respeito da sinalização adaptada e da licitação para o transporte coletivo. Esse processo está sendo estudado desde o ano passado e pretende colocar 100% do transporte público nas leis de acessibilidade”, anunciou Ariane.

Segundo Ariane, é assim que a Coordenadoria tem trabalhado em ações com as secretarias. O objetivo é contribuir para que a cidade possa crescer dentro dos preceitos da acessibilidade. Ela acredita que a médio e longo prazos Macapá terá uma estrutura melhor para as pessoas com necessidades especiais.

 

Seles Nafes
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