Entrevista com Alan Salles: “Não vamos brigar com o Psol, mas vamos mostrar nossa capacidade”

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Assuntos como alianças políticas e projetos para Macapá deram o tom à entrevista concedida pelo vice-prefeito de Macapá, Alan Salles (PPS), ao SelesNafes.Com. Ele destacou alguns pontos que hoje são a meta da administração municipal, como a municipalização da iluminação pública e o sistema de água e esgoto de Macapá.

Alan Salles foi Secretário de Fazenda do município em 2009 e atualmente e o presidente estadual do PPS. Muito discreto, ele lidera os dois principais projetos para Macapá alavancar nos próximos anos. Para ele, política é uma questão estrategicamente matemática. Confira a entrevista.

SelesNafes.Com: O que a prefeitura precisa para assumir a iluminação do município?

Alan Salles: Primeiro temos que ter algumas informações que estamos buscando junto à CEA. Queremos saber, por exemplo, quantos pontos de iluminação a cidade tem? Quanto esses pontos consomem de energia? Quanto se arrecada com a iluminação pública? E qual é o número de inadimplentes? Quando eu tiver esses dados eu posso pensar no investimento e modernização do serviço. Entendemos que hoje precisa haver uma potencialização da iluminação. Queremos colocar lâmpadas de qualidade. Nós queremos colocar Macapá no custo/benefício.

A iluminação pública deve passar para a prefeitura ainda este ano

A iluminação pública deve passar para a prefeitura ainda este ano

SN: Como será essa administração da iluminação municipal?

AS: A ideia é fundar a empresa Macapá Luz, que teria a mesma hierarquia da CTMac. Essa empresa seria o embrião gerador das futuras ações que a iluminação pública tivesse que ter. Nela formataríamos todo o projeto para o setor. Terceirizar o serviço ou não seria uma decisão dessa empresa, além de definir prazos e atividades a serem realizadas.

SN: A CEA passou por diversas mudanças no último ano. Podemos citar desde federalização até mudança de diretoria. Existe pressa da prefeitura em assumir a iluminação de Macapá?

AS: A CEA tem cumprido seu papel. E apesar do Estado ter contraído um empréstimo, nós sabemos que esse trâmite possui muitos protocolos e liturgias de documentação. Isso não será diferente conosco. Vamos dialogar para isso ser o mais rápido possível, mas tudo dentro da legalidade.

SN: E possível que a iluminação passe a ser responsabilidade da prefeitura ainda esse ano?

AS: Com certeza. Nós estamos trabalhando com prazos. A ideia é fazermos um piloto e depois alavancarmos o projeto Reluz. Que é um projeto ousado envolvendo 24 mil lâmpadas para iluminar Macapá inteira. Mas iluminar mesmo. Isso atingiria 40% da iluminação total da CEA. Esse projeto tem uma característica importante que é a redução do consumo. Pegamos uma lâmpada de 400 watts e substituímos por uma de 200. Logradouros que consumem mais energia seriam inscritos no Ministério das Cidades para substituição das lâmpadas por outras mais econômicas. É um trabalho gradativo, mas dá pra ser concluído esse ano.

Sistemas isolados nos bairros seria a solução para o abastecimento em Macapá

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SN: A prefeitura também pretende assumir o sistema de água e esgoto de Macapá. Funcionaria nesse mesmo padrão da iluminação pública?

AS: Sim. Já solicitamos para a Caesa algumas informações sobre essa questão. Nosso planejamento é implantar o SAE- Sistema de Água e Esgoto Municipal. Existe dinheiro federal pra isso. Assim vamos conseguir fiscalizar uma coisa básica na cidade que é a abertura de poços e fossas. Vamos ter padrões de medidas e o meio ambiente não deverá mais ter o lençol freático poluído. Hoje ocorre que fossas e os poços são fábricas de doenças para a cidade. Isso acontece porque não existem normas.

SN: Com o SAE haveria um controle da qualidade da água?

AS: Sim. Essa é a nossa meta. Esse sistema funcionaria de forma independente através de poços artesianos nos bairros. Na prática, isso gastaria menos dinheiro e tempo. Ao invés de retirarmos água do Pacoval e levar para a Zona Norte por meio de adutoras, construiríamos um sistema independente em cada bairro. É essa a finalidade. De forma simples, vamos criar uma cisterna para cada bairro de Macapá. Isso gasta menos e é mais eficiente e econômico.

SN: O SAE acaba com problemas de falta de água na cidade?

AS: Esse sistema é extremamente necessário. Macapá não vai inventar nada. Vamos apenas implantar o que existe de melhor e mais econômico no Brasil. Pode melhorar em 90% a distribuição de água em Macapá. É a solução.

Alan Salles: responsável por dois grandes projetos para Macapá

Alan Salles: responsável por dois grandes projetos para Macapá

SN: Mudando de assunto. Em sua opinião porque o ex-governador Camilo Capiberibe não se reelegeu?

AS: Bom, houve uma polarização de uma parte da sociedade que rejeitou o governo de uma maneira forte. Foram feitas muitas coisas boas pela antiga gestão. Mas existem setores que devem ser cuidados de maneira diferente. Faltou para a gestão passada um interlocutor político e empresarial. O que aconteceu? Briga com a Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público, empresários, estudantes e professores.

SN: Em 2014 o PSS lançou candidatura própria. Qual a experiência disso?

AS: O povo estava muito voltado para o azul e o amarelo. Mas, nós tínhamos propostas concretas para desenvolver o Estado. O governo do PPS não tinha acusações e sim propostas. Vamos recomeçar uma nova discussão para as eleições municipais. Mas posso dizer que a tentativa foi válida.

SN: Hoje um dos principais nomes do PPS, Jorge Amanajás, está compondo a equipe do governador Waldez Góes. Isso muda alguma coisa para 2016?

AS: Isso é uma questão estrategicamente matemática. O Estado tem um orçamento de R$ 5 Bilhões e Macapá é detentora de quase metade disso. Ter um mal relacionamento com o governo é não saber dialogar para o beneficio do povo. O PPS não é um partido pequeno, apenas abraça causas benéficas para o povo. Nossa meta não é governar, mas sim fazer o que é necessário.

SN: No ano que vem o PPS vai continuar a aliança com o Psol?

AS: Nós temos as nossas propostas. Sentamos com o prefeito e conversamos. Encaminhamos um relatório de todas as secretarias e coordenadorias que podem sofrer alterações benéficas. Onde vemos acertos e erros. Hoje estamos avaliando um novo modelo de coalizão para a prefeitura em 2016. O partido não vai ficar esperando, já temos um plano de governo e só vamos esperar a vontade do povo. Não vamos brigar com a prefeitura, mas vamos mostrar nossa capacidade.

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