A artista plástica Ediane Gualberto Coelho, de 44 anos, nasceu no Pará, mas com apenas 4 anos foi morar na Venezuela, depois no Peru e até nos Estados Unidos. Quatro décadas depois ela decidiu retornar ao Brasil para procurar parentes que moram no Amapá. Hoje, ela mora em uma casa de dois cômodos em Macapá com três filhos. A luta agora é para fazer seu trabalho voltar a ser reconhecido, assim como era no país onde cresceu.
Antes de chegar ao Norte do Brasil, a convite de uma tia que conheceu nas redes sociais, Ediane morou durante 25 anos na Venezuela, onde iniciou a faculdade de Artes Plásticas que não foi concluída.
“Devido às relações sociais, fui de certa forma levada a escolher uma profissão com melhor remuneração. Foi quando cursei microbiologia, profissão que exerci por cinco anos. Mas tudo ficou pra trás quando resolvi me aventurar no sonho de ganhar o mundo”, relembrou.
Com a ideia de conhecer lugares novos, Ediane fez um curso para ser comissária de bordo e começou a trabalhar em voos internacionais pela América Latina. Foi quando decidiu morar em Lima, capital do Peru, onde aprendeu a técnica de impressão através de um gel especial e pó de rocha, material usado até hoje em suas obras.
“É um trabalho simples, mas muito bonito, que é uma escultura de moldes reais de partes do corpo. É possível criar esculturas de pés e mãos de bebês recém nascidos, os punhos de um casal recém-casado, ou mãos entrelaçadas de pessoas da mesma família. Um trabalho que me fez participar de muitos programas televisivos no Peru”, explicou.
O trabalho inovador a levou para Miami, nos Estados Unidos, onde permaneceu por dois anos. Até que um convite peculiar, de uma tia que mora no Amapá, a trouxe para conhecer suas raízes no extremo Norte do Brasil.
“Trabalho muito com a impressão de esculturas familiares, um sentimento que sempre mantive muito forte, mesmo morando longe dos meus familiares brasileiros. E com o convite tive convicção que deveria trazer os meus filhos, para conhecer nossas origens”, relatou a artista.
Hoje ela está distante da tia por “divergências culturais”, limita-se a explicar. A jornada por uma nova ascensão artística começou por uma exposição em um shopping que a levou às primeiras encomendas no Estado.
“Penso em me consolidar no Amapá, reerguer minha marca e buscar parcerias com clínicas, hospitais e estúdios fotográficos, para conseguir levar meu trabalho para todo o Brasil. Por enquanto o projeto ainda é pequeno, mas creio que conseguirei elevar minha arte novamente”, concluiu.