Rotor Geek: O Último Reino, de Bernard Cornwel

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Ewerton Gomes, do Rotor Geek –

Hoje apresento a vocês a resenha Geek. Periodicamente farei resenhas de livros, quadrinhos, mangás e etc… E o principal, sem dar spoilers. Para começar escolhi uma das melhores séries literárias de romance histórico: O Último Reino, da série “As Crônicas Saxônicas”, de Bernard Cornwell.

Os livros de Bernard Cornwell As Crônicas Saxônicas são impressionantes. Nunca deixam o leitor entediado ou perdido durante a leitura. Relata bem toda a região e história de formação da Inglaterra e é difícil deixar o livro de lado por se tratar de uma redação dinâmica e interessante.

É notável que Cornwell às vezes sempre repita as características marcantes dos personagens, mas isso acaba tornando algo de grande ajuda, por não nos deixar esquecer quem cada um é e sua função ali naquele momento. geek 2

O Último Reino é narrado pelo ponto de vista de Uhtred, um guerreiro pagão que é adotado por invasores dinamarqueses durante a época da ascenção de Alfred, o Grande, o primeiro rei inglês que uniu os saxões na nação que se tornaria a Inglaterra dos dias de hoje.

Uhtred é quase um anti-herói, arrogante e cuja lealdade varia de acordo com quem mais lhe beneficiará no momento. Mas como o personagem é muito bem construído, com fraquezas, questionamentos e traços que o humanizam, ele se torna o herói perfeito para a narrativa.

História repleta de personagens tem muitas sequências de ação

História repleta de personagens tem muitas sequências de ação

“Tinha aprendido a esconder minha alma, ou talvez estivesse confuso. Nortumbriano ou dinamarquês? O que eu era? O que queria ser? ”.

O tema básico que unifica a narrativa é o conflito interno de Uhtred entre sua herança saxônica, pelo seu nascimento e a sua identidade dinamarquesa, pelo seu crescimento entre os invasores dinamarqueses. Essa é a metáfora perfeita para a Inglaterra do período, dividida entre duas culturas em oposição, o paganismo dos invasores contra a fé cristã que se alastrava entre os saxões.

Como o ponto de vista da narrativa é de um pagão, a história descreve uma visão muito crítica do cristianismo da época, uma visão bem negativa dos padres e sacerdotes, e da fé declarada por Rei Alfred.

Parece que foi intencional do autor, para contrapor aos textos históricos do período, que, escritos por padres, tendem a exaltar os feitos cristãos e a demonizar os personagens pagãos. A trama é bem construída, as cenas de batalhas são impressionantes, e a descrição sobre o estilo de vida dos dinamarqueses invasores é feita de maneira minuciosa.

 “O júbilo! O júbilo da espada. Eu estava dançando de júbilo, a alegria fervilhando dentro de mim, o júbilo da batalha do qual Ragnar falava com tanta freqüência, o júbilo do guerreiro. Se um homem não o conheceu não é homem. Aquela não era uma batalha, não era uma carnificina propriamente dita, apenas uma matança de ladrões, mas foi minha primeira luta e os deuses tinham se movido dentro de mim, tinham dado velocidade ao meu braço e força ao escudo, e quando terminou, e quando dancei no sangue dos mortos, soube que eu era bom. ”

Pontos fortes: Ação, eventos históricos, guerra. Batalhas. Narrativa envolvente e um personagem tão excepcional que não há como não gostar.

Pontos fracos: Para alguns pode ser um problema a alta quantidade de personagens e seus herdeiros/antepassados, isso pode confundir alguns leitores iniciantes no gênero.

Novamente, Bernard Cornwell nos contempla com uma crônica bem escrita, que agrupa romance e ação, e cumpre aquilo que promete: entreter com qualidade e até mesmo nós ensinar história.

Muito obrigado e até o próximo Rotor Geek!

Seles Nafes
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