Cinema e teatro: Macapá em dias de direitos humanos e combate ao suicídio

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MANOEL DO VALE – 

Dois grandes eventos marcaram a cena cultural em Macapá nos últimos dias, a Mostra Cinema e Direitos Humanos no Mundo e o espetáculo de dança A Porta Falsa. Entre o dois, um tema em comum: o respeito à vida humana.

O primeiro deles, a Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Mundo, que em sua décima edição trouxe a Macapá 36 filmes de curta e média duração que retratam a fragilidade dos direitos humanos no Brasil e na América do Sul. Destaque para os filmes Félix, o Herói da Barra, de Edson Fogaça (Brasil, 2015), Eu Não Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro (Brasil, 2010) e Quando a Casa é a Rua, de Thereza Jessouroun (Brasil, 2015), filme rodado na Cidade do México e no Rio de Janeiro que discute de maneira peculiar um drama social comum às duas capitais: os moradores de rua.

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Com uma abordagem bastante realista e delicada, a diretora do documentário consegue entrar na vida de pessoas que até então se sentiam invisíveis à cidade, revelando personagens que tem forte carga de humanidade e esperança que se refletem em valores  de grande importância como a solidariedade e a amizade.

Félix, o Herói da Barra, conta fala da grilagem de terras no Jalapão, Tocantins, a partir da história de um anônimo soldado que arriscou sua vida na Guerra do Paraguai em troca de um pedaço de terra para si e até seu último descendente por parte do governo brasileiro. A beleza do documentário está  na delicadeza da fotografia e sua construção narrativa que nos revela o abandono dos descendentes do herói que não têm como comprovar a propriedade das terras tomadas por fazendeiros.

Não ao suicídio

Espetáculo de dança produzido pela coreografa Myrla Barreto, a Porta Falsa trouxe à reflexão, a partir de uma encenação densa e impactante, uma realidade que muito incomoda as autoridades em saúde: o suicídio.

Antes de começar o espetáculo uma psicóloga falou à plateia sobre as características e sintomas dessa prática impensada, que só este ano tirou a vida de 47 pessoas no Amapá.

Uma realidade que incomoda as autoridades

Uma realidade que incomoda as autoridades

No palco, um elenco de cerca de 20 bailarinos encenaram o drama antes e pós-suicídio do escritor português Camilo Castelo Branco, morto no século XVIII. Do ato impensado (o tiro na cabeça) ao resgate da alma sofredora do escritor no Vale dos Suicidas para o hospital das almas, no plano espiritual, o que se viu foi um corpo de bailarinos (as) inspirados na execução de uma coreografia bem elabora e surpreendente quanto a cenografia.

“É muito prazeroso levar essa mensagem espiritual e também de conscientização sobre o suicídio. É um trabalho forte, mas também muito necessário, porque os índices de suicídio no nosso estado, como no país, são muito grandes. Portanto temos que alerta os nossos jovens para o que acontece no mundo espiritual para quem comete suicídio.” Comentou Aline Pires, bailarina do grupo Isadora Duncan, que completa seu raciocínio alertando para a falta de dialogo com os jovens para que se evitem atos extremos como o de tirar a própria vida.

O espetáculo que encerrou neste domingo, e teve sua renda revertida ao Ijoma  e ao Centro Espirita Irmã Caritas para ajudar em suas obras sociais, que assiste à comunidade da Baixada da Caesinha, no Perpétuo Socorro.

Suicidas são tratados em clínica espiritual

Suicidas são tratados em clínica espiritual

“São crianças em alto risco social, com noventa por cento dos pais desempregados, com situação financeira muito difícil”, informa Margarida Oliveira, coordenadora de promoção e assistência social do Centro Espírita Irmãs Caritas, que oferece orientação tanto em nível educacional para os menores quanto profissional para os pais. Além de consultas médicas, ajuda financeira em casos graves de risco social da família e a evangelização infantil e de jovens.

Margarida informa ainda que o Centro Irmã Caritas está de portas abertas aos voluntários que queiram ajudar nessa importante missão. Basta ir à sede do Centro que fica na Avenida José Tupinambá, em frente à sede da Defesa Civil, no Laguinho.

“Temos espaço aos trabalhadores que queiram nos ajudar, porque a demanda é muito grande. Sábado nós oferecemos um lanche à comunidade, além de outras atividades que requerem a colaboração voluntária de muita gente”, completa a coordenadora.

Seles Nafes
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