Mazagão será polo de criação de jacarés

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CÁSSIA LIMA

Até março, o governo do Estado deve normatizar a criação de jacarés em cativeiro no Amapá. A ideia é que um licenciamento ambiental permita a criação para fins comerciais. A Secretaria de Meio Ambiente do Amapá (Sema) estuda a minuta do licenciamento.

A proposta é ter regras de criação do animal silvestre para o consumo e da carne e exploração do couro.

“Estamos primeiro conversando para saber quais ribeirinhos estariam interessados nessa criação. Depois vamos formalizar tudo na lei e descrever como será esse espaço para criação, quanto o animal deve comer por dia e como será abatido. A criação começará com os primeiros filhotes que iremos capturar da própria natureza”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Marcelo Creão.

Secretário conversa com ribeirinhos interessados em criar jacaré. Foto: Sema

Secretário conversa com ribeirinhos interessados em criar jacaré. Foto: Sema

Na última terça-feira, dia 19, ele esteve acompanhado por técnicos e analistas ambientais na comunidade de São Raimundo, conhecida como Vila Pimentel, às margens do Rio Mutuacá, município de Mazagão. O objetivo discutir a legalização da atividade no local com moradores da região. O mesmo deve ocorrer outras comunidades até o fim de janeiro.

Couro do jacaré criado em cativeiro é mais maleável, o que permite uma maior variedade de produtos

Couro do jacaré criado em cativeiro é mais maleável, o que permite uma maior variedade de produtos. Foto: Divulgação

“Essa proposta de criação partiu dos próprios ribeirinhos que nos procuraram buscando uma alternativa de renda. Não vamos criar em larga escala e iremos devolver 5% dos novos filhotes à natureza. Isso ajudará na recuperação da espécie”, destacou Creão.

Ainda não há uma definição de quais espécies serão criadas em cativeiros, mas de acordo com o analista ambiental Alexandre Bragança, a minuta do projeto prevê todo um aparato de segurança para o animal e seu criador.

“As comunidades interessadas em manter o cativeiro deverão atender uma série de exigências estabelecidas pela Sema e pela lei, e uma delas é a construção de duas cercas de segurança, alimentação na sua maioria por peixes e a cada dois meses uma equipe deve acompanhar o desenvolvimento desse animal”, antecipou o analista.

Regras irão determinar alimentação e o abate do animal. 5% serão soltos na natureza

Regras irão determinar alimentação e o abate do animal. 5% serão soltos na natureza

A segurança dos tanques, o transporte, o controle de temperatura, os cuidados alimentares, higienização, criação e abatimento também deverão ser controlados. A Sema estuda a possibilidade de fazer o abate do animal por meio de um tanque que baixa a temperatura do corpo do jacaré até matá-lo.

“O couro do jacaré criado em cativeiro é mais maleável porque tem menos cálcio, com isso pode ser utilizado em diversos adereços. Ainda não pensamos no preço do couro, mas no mercado ilegal o quilo da carne passa de R$ 10”, concluiu o secretário.

A Sema ainda não tem uma estatística de quantos criadouros terão no Amapá, mas é certo que o município de Mazagão será um dos principais fornecedores do novo mercado.

Seles Nafes
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