Taekwondo de medalha e pires na mão

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André Silva –

Apesar dos resultados positivos em competições nacionais e internacionais, o técnico da Seleção Brasileira de Taekwondo, o amapaense Júnior Maciel, faz um desabafo sobre o que seria a maior crise da modalidade nos últimos tempos. Culpa da falta de apoio do poder público.

Em entrevista concedida ao site SelesNafes.Com, Maciel fala das dificuldades que a modalidade enfrenta mesmo sendo a maior expressão esportista do Estado na atualidade. Prestes a viajar para o Campeonato Brasileiro, a equipe amapaense corre o risco de ir com desfalques. 

Desde os 18 anos, Júnior Maciel pratica o Taekwondo, e é hoje o mais graduado na modalidade no Estado. O esporte que faz uso das pernas para aplicar os golpes, teve sua origem na Coreia, mas segundo Maciel, é o Amapá que vem chamando a atenção do resto do mundo.

Um dos destaques é o atleta Venilton Teixeira, que foi medalha de bronze no Campeonato Mundial realizado em maio deste ano na Rússia. Mesmo sendo um dos principais nomes do esporte no Amapá, Venilton também enfrenta problemas de patrocínio.

Acompanhe os principais trechos da entrevista de Júnior Maciel

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Júnior Maciel, amapaense que é dos três técnicos da Seleção Brasileiro de Taekwondo

Júnior Maciel, amapaense que é dos três técnicos da Seleção Brasileiro de Taekwondo. Fotos: arquivo Júnior Maciel

SelesNafes.Com: Professor, qual a situação do Taekwondo no  Amapá?

Júnior Maciel: O Taekwondo nunca esteve num momento tão bom, principalmente em nível de resultados nas competições nacionais e internacionais. Para você ter uma ideia, o atleta brasileiro que teve melhor resultado no mundial é do Amapá, e também foi bronze no Pan Americano. Dos três técnicos que compõe a equipe da Seleção Brasileira um é amapaense. Portanto, estamos em alto nível.

Qual a atual situação da Federação de Taekwondo hoje?

A Federação vive de captação de recursos. A única renda hoje da entidade vem das taxas pagas pelos atletas três vezes ao ano. Toda vez que um atleta muda de faixa, ele paga uma taxa. Esse dinheiro serve para pagar inscrição de atletas nas competições.

Quantos federados têm hoje?

Cerca de 300 atletas.

Júnior Maciel com Iris Tang Sing, medalha de bronze em Toronto

Júnior Maciel com Iris Tang Sing, medalha de bronze em Toronto

E a prefeitura de Macapá?

O poder municipal não tem ajudado em nada. O governo do Estado até que teve uma boa iniciativa. Alguns atletas recebem uma bolsa, apesar de ser uma iniciativa assistencialista, porque o que precisamos mesmo é de planejamento. Mas o município não entra com nada. A Coordenadoria de Esportes do município só quer fazer lutas de MMA e promover eventos no Macapá Verão. Na época das eleições o prefeito nos reuniu e disse que ia nos ajudar, mas nada até agora. Nós vamos para o Campeonato Brasileiro com sete atletas, mas todos conseguiram patrocínio com os pais e com órgãos privados.

Quantos atletas são beneficiados com a bolsa federal?

Nós temos três atletas que recebem hoje bolsa do governo, o Venilton recebe R$ 950, o Gabriel e o João Pedro ganham R$ 325. O Gabriel está indo para o Pan Americano, no México, e o governo do Estado ficou de ajudar com a passagem, mas parece que tiveram um problema com a agência de viagens e a passagem está comprometida. Não sabemos se ele vai ou não para o México. Esse tipo de barreiras é que precisamos vencer todos os dias.

Amapaenses Júnior Maciel e Venilton Teixeira entre os nomes mais conhecido do esporte no Brasil

Amapaenses Júnior Maciel e Venilton Teixeira entre os nomes mais conhecidos do esporte no Brasil

O Taekwondo é um esporte olímpico. O Amapá tem algum atleta garantido para 2016 no Rio de Janeiro?

Por enquanto não. O Venilton, nossa maior esperança, vai ter que passar por um crivo para poder acessar uma vaga. Ainda não tem nenhuma garantia dele participar das Olimpíadas. Ele vai ter que conseguir a vaga na força. A maior referência hoje no esporte do Amapá chama-se Venilton Teixeira. Foi o primeiro amapaense medalhista mundial. E o que foi que ele recebeu? Ele tem um apoio da Secretaria de Esporte do Estado e mais nada. Aliás, ele ganhou uma plaquinha de reconhecimento e só. Igual a que eu recebi.

O mais importante que é o recurso financeiro ele não recebeu?

Não recebeu. Hoje, em virtude da história do Venilton, as pessoas vêm e ajudam. Nós temos hoje duas secretarias de esportes, a municipal e a estadual. A estadual tem se manifestado, meio capenga, mas pelo menos tem atendido aos pedidos e dado satisfação, mas a do município nem isso.

 

 

Seles Nafes
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