30 empresas contratadas pela Zamin anunciam falência

Empresários contam que ações trabalhistas levam boa parte do capital que restou
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VALDEÍ BALIEIRO

A Zamin Ferrous fechou as portas há mais de dois anos numa crise que aparentemente começou com a tragédia no porto da mineradora, no município de Santana – distante 17 quilômetros da capital – que destruiu máquinas e equipamentos, além de deixar cinco pessoas mortas. Cerca de 30 empresas que prestavam serviços à mineradora estão anunciando falência.

Em entrevista, os empresários, que apontam não haver mais condições de continuar no ramo, afirmaram que investiram altos valores para instalação de atividades na região.

Maquinário está parado, sofrendo com a ação do tempo

Maquinário está parado no pátio da mineradora em Santana

O empresário Nadson Valente, que prestava serviço de locação de mão de obra, conta que ainda hoje cobra uma dívida no valor aproximado em R$ 2,2 milhões. Ele diz que a situação ocorre desde 2013, cinco meses depois de a Zamin ter comprado as ações da Anglo Ferrous no Amapá.

“Temos escritórios da nossa empresa abandonados e totalmente depredados, pois a Anglo, que na época mandava, exigiu que instalássemos uma grande estrutura, mas depois que vendeu para a Zamin, não arcou com a responsabilidade de nos pagar”, lamentou Nadson.

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Cerca de 30 empresas que prestavam serviços à mineradora estão anunciando falência

“Ficamos quatro meses sem receber, mas eles afirmavam que cumpririam com as obrigações, mas nada foi feito. Hoje somos carregados pela justiça do trabalho, pois tivemos que dispensar todos os funcionários”, completa Nadson.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Amapá, Glauco Cei, também prestava serviço para a mineradora com transporte de minério, além de alugar equipamento pesado.

Segundo ele, já existem ações judiciais contra a Zamin Ferrous, mas ele acredita que parte da culpa também está sobre a Anglo American, empresa que passou os direitos para a mineradora indiana.

Glauco Cei, presidente do Sinduscon-AP: "

Glauco Cei, presidente do Sinduscon-AP: “tive que dispensar cerca de 680 funcionários de 800 que tinha a disposição”. Foto: Reprodução/Facebook

“A antiga mineradora, que hoje afirma querer sair do Brasil, Anglo American, quando assumiu o projeto exigiu que os fornecedores locais fizessem uma grande estrutura para prestar o grande serviço. Então, todos se dispuseram a fazer e cumpriram, porém, a Anglo vendeu o serviço para a Zamin e simplesmente nos abandonou”, ressalta Glauco.

Ainda de acordo com Glauco, a dívida da mineradora com a empresa dele chega ao valor de R$ 3,5 milhões.

“Eu tive que fechar boa parte da minha empresa e dispensar cerca de 680 funcionários de 800 que tinha a disposição. Hoje os encargos trabalhistas estão levando tudo”, disse.

Ele ainda completa dizendo que os empresários fizeram empréstimos com o banco, e arcam com dívidas estratosféricas.

Seles Nafes
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