O barbeiro que resiste ao tempo

Joaquim Lima Barbosa é um dos barbeiros mais antigos de Macapá. Com o trabalho sustentou os filhos e construiu seu patrimônio
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ANDRÉ SILVA

Sabe-se que a profissão de barbeiro é bem antiga. Há discursos que se alinham dizendo que o primeiro salão de barbearia surgiu na Grécia antiga. No Brasil, o movimento dos cabelos ‘da moda’ surgiu entre os jovens na década de 1970, mas há quem preferisse o velho e bom barbeiro. Corte estilo militar ou social, todos feitos com tesoura, eram os mais escolhidos.

Em Macapá, terra rica de figuras ilustres, encontramos um dos barbeiros mais renomados e conhecidos nos anos de 1960 no Bairro do Trem, Joaquim Lima Barbosa, de 78 anos.

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Barbearia de seu Joaquim funciona em sua residência. Fotos: André Silva

Seu Joaquim, como é chamado carinhosamente pelos clientes, começou na profissão há 56 anos. Casado e pai de sete filhos, alguns moram em Fortaleza, no Ceará, aonde também vive a esposa. Ele é um dos barbeiros vivos mais antigos da cidade. Chegou em Macapá junto com a madrasta e o pai, que trabalhava na antiga olaria.

Navalha antiga

Navalha antiga é um dos itens que Joaquim coleciona

A primeira barbearia de Joaquim funcionava na Avenida Feliciano Coelho. Lá, cortou cabelo de figuras ilustres como o ‘Mestre Júlio’, antigo mestre de obras que comandou vários projetos na cidade, sendo o mais conhecido deles, o antigo Trapiche Eliezer Levy, na época de madeira. Outro cliente famoso era o João Barbosa, o ‘Vadoca’, um alfaiate e ex-jogador de futebol.

“Morei no bairro do Trem até 1985, mudei, mas ainda fiquei trabalhando lá. Fiquei lá até 2014. Tenho muitos clientes antigos. Aparecem outros novos, mas os antigos são os que frequentam mais”, explica.

Maquinas de cortar cabelo

Máquinas manuais de cortar cabelo, substituída pela de modelo elétrica

Seu Joaquim conta que se encontrou na profissão e que quando assumiu as tesouras, nunca mais as soltou. Foi com o trabalho que sustentou os filhos e construiu seu patrimônio.

Ele tem verdadeiras relíquias em seu salão, e exibe as peças com orgulho. Entre elas, cadeiras compradas em 1969 e outra em 1970, uma navalha que não usava lâmina para cortar, e máquinas manuais de cortar cabelo, que gradativamente foram sendo substituídas pelas elétricas.

Banco antigo

Seu Joaquim exibe o banco da poltrona comprada em 1969, outra relíquia

Ele conta que comprou uma das cadeiras por CR$ 70 (setenta cruzeiros) de um homem que desistia da profissão.

Hoje, seu Joaquim mora na Rua Manoel Eudóxio Pereira, 3100, onde também funciona a barbearia. Vai continuar cortando cabelos à moda antiga, e acumulando histórias para contar.

Seles Nafes
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