Macapá tem recorde de votos brancos, nulos e abstenções

Sociólogo explica que desconfiança, escândalos de corrupção e promessas exageradas levaram eleitor ao descrédito com o pleito
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ANDRÉ SILVA

O número de votos nulos, brancos e de abstenções neste segundo turno das eleições municipais de Macapá chamou a atenção. Brancos e nulos chegaram ao dobro em relação a eleição de 2012.

Nas abstenções, mais de 1/5 da população não foi votar. Desconfiança e os escândalos de corrupção seriam um dos principais motivos, segundo o sociólogo Diones Correia.

No ano de 2012, o número de eleitores na capital Macapá era de 218.792. Naquele ano as abstenções chegaram a 46.301, o que correspondeu a  18,27% de todo o eleitorado. Os votos brancos somaram 2.133 e os nulos chegaram a 4.778. Ou seja, 1,86% dos votos válidos.

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Diones Correia, cientista social. Eleitor está desconfiado e mais crítico. Foto: André Silva

Neste pleito (2016), os votos bancos e nulos dobraram em relação a eleição de 2012. Os brancos alcançaram a marca de 4.076 votos. Os nulos mais que dobraram, foram para 10.451, ou seja, 4,77% dos votos válidos.

A alta abstenção e o também grande número de votos brancos e nulos é considerado um fenômeno não só em Macapá, mas em todo o país.

Para o cientista social Diones Correia, esse fenômeno se dá pela desconfiança do eleitor. Para ele, os políticos estão usando as propagandas eleitorais para apresentar propostas fantasiosas, longe da realidade financeira do município. Outros fatores que contribuem para a situação são os escândalos de corrupção dos últimos tempos.

Seção de votação. Campanha não agradou eleitor que está mais crítico

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“Os escândalos de corrupção e a não aceitação de determinados candidatos acabou fazendo com  que o eleitor ficasse desconfiado do processo e deixasse nas mãos de outros eleitores a decisão. Outra coisa foi a campanha eleitoral que não agradou.  Os candidatos prometiam coisas que não correspondem com a realidade econômica do município, fazendo com  que os eleitores desconfiassem do processo”, argumentou Correia.

Ele atribui também a não participação na eleição aos ataques desenfreados das propagandas, o acesso a informação e a ascendência econômica de alguns grupos que os possibilitou ter uma opinião mais refinada das propostas.

”Os eleitores estão mais conscientes e informados”, concluiu.

Abstenção, nulos e brancos em números

Eleitores em 2012 – 218.792; Eleitores em 2016 – 253.091

Abstenções: 2012- 46.301 (18,27%); 2016- 58.422 (21,07%)

Brancos: 2012 – 2.133 (1,03%); 2016 – 4.076 (1,86%)

Nulos: 20012 – 4.778 (2,31%); 2016 – 10.451 (4,77)

Todos os dados são oficiais e divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

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