OLHO DE BOTO
A Polícia Civil vai ouvir neste sábado, 19, três testemunhas no inquérito que apura o estupro de uma adolescente de 14 anos ocorrido no último dia 16, no Distrito Industrial de Santana. Na manhã desta sexta-feira, a mãe de outra suposta vítima procurou o Ministério Público do Estado para denunciar o guarda portuário acusado do crime.
Mãe e filha não foram ouvidas. Elas foram orientadas que procurassem a Promotoria de Investigação Criminal (Picc) de Santana para prestar depoimento.
A mãe da menina, que tem 13 anos, disse que a garota reconheceu o guarda portuário Samuel George Miranda, de 35 anos, como o homem que teria tentado forçar sua entrada em um carro na semana passada.
Ele foi preso no dia 16 em flagrante por uma equipe do Bope depois que a família da menina relatou o estupro. A prisão flagrante foi transformada em preventiva porque a juíza da audiência de custódia considerou que havia muitos elementos de prova contra o acusado, incluindo laudo que atestou o estupro e um vídeo que mostra ele deixando a garota perto da escola dela logo após o crime que confessou, porém alegou ter havido apenas “sexo oral espontâneo”.
No mesmo dia, a outra garota de 13 anos relatou para a família ter visto a imagem do suspeito no noticiário.
“Quando ela viu a pessoa (o acusado) na televisão ela veio e disse: foi ele!”, comentou a mãe.
Este ataque teria ocorrido na comunidade da Ilha Mirim, Bairro Infraero II, Zona Norte de Macapá, na tarde do último dia 9. A menina ia para a casa de uma tia, e contou que quando desceu do ônibus e passou a caminhar foi abordada por um estranho do lado de fora de um carro branco.
O capô estava aberto, e o homem olhava para o motor como se estivesse tentando consertar algum defeito. Ele pediu que a menina entrasse no carro e pisasse no acelerador.
“Ela disse que estava com pressa, e inicialmente não entrou no carro. Ficou em pé no acelerador, e um pé do lado de fora. Ele disse pra ela entrar, e quando ela sentou no banco ele já estava com uma faca e empurrou ela para dentro do carro”, relatou a mãe.
De acordo com ela, o homem mandou que a filha largasse a mochila. A menina perguntou o que ele pretendia, e o homem disse que não faria nada. Quando o agressor deu partida no carro, a garota conseguiu abrir a porta e se atirou do veículo em movimento.
“Ela descreveu a faca como um punhal com uma fita durex. Conseguiu pular e não foi estuprada, mas ficou bastante ferida. Um mototaxista a ajudou a se levantar e depois apareceu uma viatura da PM que abordou ele. Minha filha chegou na casa da minha irmã transtornada, chorando muito. Fomos na Vara da Infância e no Ciosp do Pacoval, e descobrimos que nada tinha sido registrado”, contou a mãe.
A menina também teria descrito alguns objetos dentro do veículo do agressor, entre eles um distintivo que parecia uma insígnia policial.
“Pensei até que ele era policial, e que por isso tinha sido liberado”, acrescentou se referindo à suposta abordagem da PM.
O portal SELESNAFES.COM conversou com a menina de 13 anos que relatou o que teria ocorrido quando sentou no banco do motorista.
“Ele foi me empurrando para o lado. Eu peguei a faca da mão dele, joguei pro banco de trás e me joguei do carro. Eu caí e um motoqueiro me juntou do chão”, contou.
A jovem disse ainda que o agressor estava de boné, bermuda, e que ficou assustada quando viu a foto do guarda portuário no dia da prisão.
“Eu vi na televisão. É o mesmo veículo branco. Fiquei assustada. Mostrei a foto dele (acusado) no celular à minha mãe e fomos à delegacia”, completou.
Samuel Miranda continua preso no Centro de Custódia do Bairro Zerão, na Zona Sul de Macapá, junto com outros funcionários públicos que respondem por diversos crimes. O delegado que investiga o caso, Victor Crispin, confirmou que vai ouvir testemunhas na manhã deste sábado.
“Também estamos esperando o resultado dos exames da Polícia Técnica em objetos encontrados dentro do carro do acusado”, relatou.
Como se trata de réu preso, a polícia tem 10 dias a partir da detenção para relatar o caso ao Ministério Público.