Família contesta ação do Bope que terminou em morte no Bailique

A mãe de Araildo Façanha Brito nega que ele tenha atirado nos policiais, e diz que os PMs forjaram uma troca de tiros
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ANDRÉ SILVA

A família de um rapaz morto numa intervenção da Polícia Militar, está revoltada e pede justiça. O fato ocorreu no dia 21 de dezembro no Arquipélago do Bailique, a 150 quilômetros de Macapá. A conduta dos policiais, que estavam cumprindo um mandado de busca e apreensão, está sendo questionada pela família.

A morte de Araildo Façanha Brito, de 26 anos, ocorreu na casa onde morava com a família, na Comunidade Macedônia. Durante o cumprimento do mandado, a Companhia de Operações Especiais da Polícia Militar (COE), que faz parte do Bope, encontrou duas armas de fogo, uma arma caseira e drogas.

O tenente Hércules, do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), disse que Araildo Brito teria recebido os policiais a tiros, o que os forçou a revidar. Na busca, os policiais teriam encontrado o armamento e a droga.

Araildo Brito já tinha passagens pela polícia por participar de um roubo de celular com o irmão, quando ainda era menor, em 2009. Outra infração que pesava contra o jovem era por porte ilegal de arma de fogo, caso ocorrido em 2012. Se estivesse vivo, ele iria cumprir uma pena alternativa pelo crime.

Mãe exibe fotos do filho em vida e já morto. Fotos: enviadas pela família

Mãe exibe fotos do filho em vida e já morto. Fotos: André Silva

O tenente também disse que ele estaria sendo investigado pela Polícia Civil por participar de um assassinato ocorrido atrás do Estádio Glicério Marques, em 2014.

“Ele recorre de várias práticas de crimes no Perpétuo Socorro. Estava escondido no Bailique e começou a realizar algumas práticas criminosas em virtude de tráfico de drogas. Então o antecedente criminal dele fala por ele mesmo. Ele foi querer reagir e a equipe reagiu”, afirmou o tenente.

Versão da família

Nazaré Façanha, de 46 anos, mãe de Araildo Brito, desmente a versão dos policiais. Ela e disse que a guarnição da COE entrou na casa por volta das 6h. Ela e a filha estariam em um outro compartimento e dizem ter ouvido quando os policiais começaram a espancar o rapaz que gritava muito. Elas também garantem que ouviram quando os policiais mandavam ele atirar.

“Eles tinham uma arma e pediam que ele, o meu filho, atirasse contra eles, para dizerem que ele reagiu. Ele falou ‘eu vou morrer, mas não vou pegar em arma nenhuma’, foi quando ouvi os tiros. Deram três tiros nele. Meu filho morreu pedindo socorro. Depois colocaram ele em uma rede e saíram arrastando até a ponte parecendo um porco”, contou a mãe.

Morte ocorreu na Vila Macedônia

Morte ocorreu na Vila Macedônia. Foto: Arquivo

A situação teria durado vários minutos. Após os disparos, os policiais saíram da casa levando o corpo. Enquanto isso, outros dois PMs ficaram no local. A irmã e a mãe do rapaz, viram o momento em que eles lavaram o sangue do chão, o que teria violado a cena do suposto crime. Nada foi levado do local, segundo elas.

Já na cabeceira da ponte, que fica na entrada da comunidade, os policiais teriam jogado o corpo do homem dentro de uma embarcação e circularam com ele no rio  por aproximadamente meia hora, só depois o levaram para o posto de saúde, onde ele já chegou morto.

O advogado da família, Ademar Bandeira, está questionando a conduta dos policias e essa será a principal linha de acusação.  Ele chegou a solicitar à perícia o exame de vestígio de pólvora da mão do morto.

“Nesse momento, a gente está questionando a conduta dos policias. Segundo testemunhas os policiais do COE saíram da casa sem nada nas mãos”, afirmou o advogado.

A família da suposta vítima está em Macapá e disse que o rapaz era muito querido na comunidade que, segundo eles, está muito assustada com o que aconteceu.

Seles Nafes
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