Os ribeirinhos conectados

Comunidade de palafitas na região do Marajó aposentou a canoa e já tem acesso à internet
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FERNANDO SANTOS

A tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas, e isso vale até nos rincões ribeirinhos da Amazônia. Já tem Localidade onde o progresso parecia que nunca ia chegar, e hoje experimenta a modernidade no meio de transporte e na comunicação.

No município de Breves, no Estado do Pará, existe uma comunidade chamada Rio Limão que possui mais de 100 residências em palafitas com ribeirinhos muito hospitaleiros.

Comunidade de Rio Limão, em Breves (PA)

Por lá, as pessoas estão mais modernas do que nunca. Os avanços eram necessários, começando pelo meio de transporte. Há pelo menos 10 anos, o tradicional e conhecido casco a remo foi substituído pela “rabeta”, pequena embarcação movida a motor. Ela alcança uma velocidade de até 40 km por hora, o que encurtou as distâncias nas atividades do dia a dia.

Buscar o açaí ficou mais rápido

Rabetas dominam a paisagem

Só a criançada ainda usa a canoa a remo

Para Ronan de Sá, que é morador do Rio Limão, a rabeta chegou para facilitar a vida e os negócios na região. Quando existia somente a canoa a remo, ele conta que levava duas horas para ir buscar açaí. O mesmo percurso com a rabeta é feito em 30 minutos.

“Tem pontos que a gente chega com a rabeta bem próximo ao local onde vamos apanhar o açaí. Agora sobra mais tempo”, disse o ribeirinho Ronan.

Marcley Ribas utiliza a rabeta para comercializar alguns produtos na região. 

“A rabeta ajuda em tudo. Tanto pra gente ir nas programações da comunidade quanto para vender nossas coisas”, explica o ribeirinho.

Quem ainda aproveita a canoa a remo é a criançada, nas brincadeiras e passeios pelos rios.

Percurso de mais de 2h passou a ser feito em menos de 30 minutos

Internet

Décadas depois da invenção da internet, a rede também conecta os moradores do Rio Limão com o restante do mundo. E os ribeirinhos já pegaram gosto pelas redes sociais. As selfies são feitas diretamente em tempo real e podem ser vista no mundo inteiro.

Painel de energia solar alimenta equipamento…

…enquanto a antena fica alinhada com o satélite que oferece internet

A comunicação com a cidade ficou muito mais fácil. Antes, o meio mais rápido era por meio do programa “Alô Alô Amazônia”, da Rádio Difusora de Macapá.

No início deste ano, a tão sonhada internet chegou à região.

“Foi possível ter internet de qualidade e com custos relativamente possíveis de se contratar. A empresa americana disponibilizou para mais de 4 mil municípios internet via satélite, inclusive em Breves. Internet em banda KA, links com 15 MB de velocidade e 30 GB de limite para navegação, tudo muito simples e prático, uma pequena antena direcionada para o satélite e um modem ligado a um roteador para distribuir o sinal sem fio. Avanços necessários aos tantos moradores que viviam no isolamento da comunicação a tantos anos”, destacou Derlan Sá.

Músicas baixadas pelo DJ fazem a alegria dos jovens do Rio Limão

Alan de Sá, que trabalha na região como DJ, explica que antes precisava ir até Macapá para baixar suas músicas e montar seu repertório.

“Agora a gente tá conectado com nossos parentes da cidade. Estamos mais por dentro das notícias do Brasil e do mundo. E pra mim como DJ ficou mais fácil. Eu baixo as músicas aqui mesmo e não preciso mais ir até a Macapá para fazer isso. Monto meu repertório aqui mesmo”, comemora o DJ.

Seles Nafes
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