Cooperativas vão receber incentivos estrangeiros

ONG que financia projetos reuniu com cooperativas do Amapá para discutir novos investimentos, especialmente no açaí, castanha e camu-camu
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ANDRÉ SILVA

Uma ONG que já investe em projetos educacionais no Amapá esteve reunido na tarde desta quarta-feira (31) na sede do Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado do Amapá (OCB). O objetivo era conhecer novos projetos de cooperativas na região voltados para a produção extrativista e educacional em comunidades do Amapá.

A entidade é formada pelos herdeiros do legado dos irmãos Clemens e August Brenninkmeijer, fundadores da varejista de roupas C&A. Eles têm investimentos em mais de duas mil entidades espalhadas por 90 países. No Amapá, o grupo doou no ano passado, cerca de € 500 mil à Rede das Escolas Família Agrícola do Estado.

ONG já investiu 500 mil euros nas escolas agrícolas do Amapá. Fotos: André Silva

A visita à OCB se dá em virtude do trabalho com as cooperativas de produção de alimentos oriundos das comunidades tradicionais do Estado do Amapá, como açaí, cacau nativo, camu-camu, castanha-do-Brasil e seus derivados, além da certificação internacional de manejo florestal comunitário desses produtos.

“Esse ano eles vão fazer uma outra doação para as cooperativas no Amapá. Eles têm prioridade em investir em educação, e por isso investiram na escola agrícola do Estado porque ela forma a mão de obra intelectual para a produção dos produtos derivados pelo trabalho das entidades”, explicou o presidente da OCB, Gilcimar Barros.

Nesta quarta, eles visitaram o projeto da Amazonbai-Cooperativa Agroextrativista dos Produtores de Açaí do Arquipélago do Bailique. A cooperativa criou um fundo, onde 5% do valor comercializado por saca de açaí é destinado ao financiamento de atividades produtivas da Escola Família que está em fase de constituição.

Rubens Gomes, da Amazonbi: açaí da floresta direto para as fábricas

A cooperativa produz o primeiro açaí certificado no mundo e de lá saem semanalmente (na safra) cerca de 60 toneladas do fruto.

“É o primeiro açaí certificado do mundo e está se associando a uma organização de investidores de Minas Gerais. A partir do ano que vem, nós vamos processar o nosso açaí que vai se transformar em produto acabado e sair da floresta direto para a indústria”, explicou  Rubens Gomes, presidente da cooperativa Amazonbi.

Além do segmento do açaí, estiveram no evento produtores de cacau e beneficiadores de castanha do Pará em Laranjal do Jari, Sul do Amapá. Para o presidente da Cooperativa Mista dos Trabalhadores Agroextrativistas do Rio Cajari, Adamor Braga da Silva, o investimento na educação de produtores é essencial para aumentar a produção na região.

“A gente só trabalha com um tipo de castanha, a in natura, existem outras que trabalham com produtos derivados como biscoito e bombons, mas a nossa dificuldade é legalizar com rótulo e certificados os nossos produtos”, explicou.

Adamor Braga, do Rio Cajari: investimento em educação dos produtores vai aumentar produção

Fábio Renato: cooperativas conseguem comprar insumos mais baratos e por isso vendem mais barato

A Associação de Criadores do Estado considerou de suma importância o investimento na educação de regiões produtoras do Estado.

“Só pra dar um exemplo, a Aurora para muitos é uma empresa gigantesca formada por grupos fortíssimos, mas os donos dela são 71 mil pequenos produtores de frango. São pequenos produtores que se organizaram e montaram uma cooperativa e que a partir daí começam a comprar insumos e vender mais barato. Eles vendem frango mais barato do que o produzido no Amapá”, explicou o empresário Fabio Renato.

Seles Nafes
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