Só ficou um

Jó Correia, de 52 anos, foi o único que restou entre dezenas de operários do Trapiche Turístico do Santa Inês, obra está parada há 5 anos
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SELES NAFES

Todos os dias o vigilante Jó Correia, de 52 anos, acorda bem cedo. Ele varre, conserta luminárias improvisadas e faz reparos no velho tapume de madeira que cerca o acesso para a obra do Trapiche Turístico do Santa Inês, na orla de Macapá. A obra está parada há mais de 5 anos.

“Maranhão”, como Jó Correia é conhecido pelos barqueiros da região, foi o único trabalhador que restou da BO, a empreiteira que tocava a obra e que chegou a ter 110 funcionários. A obra está paralisada desde o início de 2013.

Foi em 2013, aliás, que ele recebeu o último salário como vigia da obra que era toca pelo governo do Estado durante a gestão de Camilo Capiberibe (PSB). Na gestão de Waldez Góes (PDT), contudo, a obra permaneceu paralisada. A previsão era de que o trapiche fosse entregue em junho de 2014.

“Comecei a trabalhar aqui no dia 1º de março de 2013, e ainda pagaram uns cinco meses. Depois não recebi mais nada”, lembra.

Placa oficial da obra lembra que o recurso era do BNDES. Fotos: Seles Nafes

Trapiche está sempre limpo graças ao vigia, que agora faz o papel de zelador

Barqueiros já utilizam o local para pernoitar

Quando a obra foi desmobilizada, Maranhão decidiu ficar e tentar receber seus direitos e salários atrasados. Mas os meses foram se passando, os anos, e nada do dinheiro sair. Foi então que decidiu mover uma ação contra a empresa.

Enquanto a decisão não sai, ele continua morando na obra e vai sobrevivendo com a ajuda de pequenos barqueiros que já utilizam o lugar por considerar que é um local seguro e organizado, graças à dedicação do vigia.

Maranhão sempre troca as luminárias que ele mesmo instalou. Há alguns dias conseguiu 15 quilos de pregos para não deixar o tapume cair.  A esposa e os filhos estão em Breves (PA), e recebem o pouco que Jó Correia recebe dos ribeirinhos.

O prêmio dessa persistência, ele acredita, que deve sair em breve. Pelo menos é essa a esperança.

Distrato  

O secretário de Infraestrutura do Estado, João Henrique Pimentel, informou ao portal SELESNAFES.COM que foi complicado e demorado rescindir o contrato com a empreiteira, e que recurso original, e que era o BNDES, foi todo perdido na gestão passada.

“Serão necessários ainda R$ 7 milhões para concluir a obra. O governador informou que vai garantir os recursos num empréstimo com a Caixa Econômica”, relatou o secretário.

Tapume na entrada da obra permanece de pé

Iluminação do trapiche feita pelo vigia com material doado

Secretário de Infraestrutura, João Henrique: distrato com a empresa foi demorado

Além do destrato com a empresa, os técnicos da Seinf também precisaram fazer adequações estruturais para corrigir uma falha no projeto anterior que poderia comprometer todo o complexo em função da força da maré do Rio Amazonas.

Segundo João Henrique, a obra será retomada até o fim do ano depois de um novo processo de licitação. O trapiche terá restaurante, quiosques e uma balsa para atracações de embarcações que farão o transporte intermunicipal de passageiros, numa linha que será criada entre Macapá e Santana.

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