Moradores da “cracolândia” pedem ajuda e buscam programas sociais

Comunidade mora em local insalubre na praça Zagury.
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CÁSSIA LIMA

Lixo, varal no meio do mato, papelão para proteger do sol e algumas panelas em meio ao odor de fezes e urinas montam o cenário de uma comunidade de cinco pessoas, que vive em uma arquibancada deteriorada na praça Zagury, no Centro de Macapá.

O local, atrás da casa oficial do governador, é conhecido como cracolândia. Os moradores do lugar, muitas vezes discriminados, dizem que querem participar de programas sociais.

Eles aceitaram conversar com a reportagem do portal SELESNAFES.COM, mas pediram para que não fossem identificados com fotos frontais e que tivessem a identidade preservada.

População mora em meio ao lixo e odor de fezes e urina Foto: Cássia Lima

A insalubridade é evidente com a presença de lixo e mato. Um cano puxado pelos moradores jorra água e cria uma lama no entorno da arquibancada. Tem muito plástico no chão, assim como restos de comida. O espaço não tem condição nenhuma de moradia.

O mais velho do grupo, com 36 anos, diz que mora no lugar há cinco anos. Ele conta que se envolveu com drogas, perdeu o emprego e foi parar nas ruas. Ele revela diz que gostaria de ajuda para sair de lá.

Arquibancada que serve de moradia fica na praça Zagury, Centro de Macapá Foto: Cássia Lima

“Quando quis sair das drogas, ninguém acreditou em mim. Então vim parar aqui. Reparo carros durante o dia, mas quero muito ter uma vida de gente um dia. Queria que olhassem para a gente, que nos tratassem e nos ajudassem”, pede o homem.

Ele conta como funciona a rotina dos moradores, e diz que no local moram dependentes de baixo potencial, ou seja, que só consomem drogas porque não têm tratamento e ajuda para parar.

O morador conta que todos acordam cedo, às vezes, pedem café da manhã pela rua, outras vezes, vão reparar e lavar carros para ganhar um dinheirinho.

“Eu limpo peixe aqui na feira do pescado. Não volto para casa porque não tenho dinheiro e minha família é de Belém. Queria ajuda para sair dessa vida. A gente passa na rua, mas as pessoas só faltam cuspir na gente. Nos tratam como lixo”, disse uma das mulheres que mora no local.

Os moradores dizem que já tentaram participar de programas sociais do Estado e Município, mas que não receberam ajuda.

“A gente queria muito uma ajuda para sair desse vício e desse lugar. Mas, ninguém vem aqui. Não aguentamos mais sofrer”, repetiu o mais velho do grupo.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e do Trabalho (Semast), que fica próximo ao local, na Rua São José, informou que já cadastrou os moradores em programas sociais. Mas alegou que muitos não têm documentação e outros abandonaram o tratamento. O órgão informou que fará outro atendimento no local.

Seles Nafes
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