O show de tecnologia da Expedição Custeau
O melhor da viagem ainda estava por vir. Navegamos umas cinco horas na direção da foz. De repente escutamos o ruído de um helicóptero. Meia hora depois encontramos a aeronave. Pelo logotipo na fuselagem era o helicóptero da expedição de Custeau.
Eles não ficaram muitos felizes em nos ver. Estavam em um lugar estratégico e queriam imagens exclusivas. Mas quando dissemos que gostaríamos de fazer uma matéria jornalística sobre a expedição, foram muito simpáticos e facilitaram o nosso trabalho.
As filmagens do longa “A Amazônia de Jacques Costeau” começou pelo Amapá.
O explorador francês trouxe um arsenal de equipamentos, o principal era o lendário Calypso, embarcação adquirida por Cousteau em 1950. A bordo, além do helicóptero Félix, a lancha Charland e botes infláveis, havia também um hidravião, o Papagallo, e duas embarcações recém-adquiridas: um hovercraft com capacidade para nove passageiros e 700 quilos de carga, que, deslizando sobre um colchão de ar com velocidade de 35 nós, era ideal para adentrar rios, pântanos e terrenos abertos. A equipe era gigantesca: cozinheiros, camareiros, taifeiros, mergulhadores, pilotos, motoristas, fotógrafos, cinegrafistas, pesquisadores e guias locais.
Um detalhe: enquanto usávamos equipamentos U Matic, um formato de fita de vídeo, de gravação analógica, de baixa resolução, a equipe de Custeau utilizava película cinematográfica de 35 milímetros.
Cousteau foi quem tornou a pororoca mundialmente famosa.
Suas imagens aéreas, feitas de helicóptero, mostraram a grandeza e magnitude desse fenômeno natural.
Veja um trecho do longa metragem “A Amazônia de Jacques Costeau” exibido no Globo Reporter, clicando aqui.
O resultado desta viagem foi o documentário “O espetáculo das Águas”, produzido para o Governo do Amapá e exibido pela TV Amapá, em 1982.
Já o Fantástico exibiu, na época, uma reportagem contando toda a aventura.
A saga de Jacques Custeau na Amazônia foi reeditada e exibida 30 anos depois na edição de aniversário do programa, que você pode assistir clicando aqui.
Nasce o surf na pororoca
1993, onze anos depois da nossa aventura na pororoca do Rio Araguari, Noélio Sobrinho, um jovem apaixonado pelo Surf assistiu “O Espetáculo das Águas” . Para o Brincando, o desafiei a encarar as ondas da pororoca.
Anos depois participamos do primeiro surf da pororoca em São Domingos do Capim com ondas modestas, se comparadas as do rio Araguari.
Foi um marco para o pequeno município do Pará. A cidade de São Domingos do Capim se desenvolveu, ganhou pousada, hotéis, muitos turistas e a rodovia que liga a cidade a BR 316 foi asfaltada facilitando o acesso.
Em 2002 tive a alegria de ver a pororoca do meu Araguari domada pelos corajosos surfistas das ondas que não tem fim.
Essas aventuras ganharam o mundo e hoje graças a esses impetuosos cavaleiros das ondas gigantes, o trabalho de divulgação dos pioneiros Amaral Neto, David Okomura e Jacques Costeau tem continuidade e a pororoca continua na crista da onda nos quatro cantos do planeta.