No último domingo, 15, dois galpões de produtos da empresa Amazonas Importados, localizados no bairro Pedrinhas, foram totalmente destruídos num incêndio que provocou uma coluna de fumaça negra visualizada de vários pontos da capital. Dias depois, a fumaça altamente tóxica que sai dos escombros ainda atormenta colocando em risco a saúde dos moradores. O pior é que não há uma previsão de quando isso vai acabar. O lugar mais atingido pela neblina que tem cheiro de plástico queimado é o residencial Mônaco, que fica bem atrás do local do incêndio.
Os moradores não sabem a quem recorrer. “Nós esperamos que o problema se resolva logo, mas enquanto nada é feito somos prejudicados. Ontem mesmo fui visitar minha filha que também mora próximo do local e meu neto passou mal por conta da quantidade de fumaça”, contou a aposentada Maria de Nazaré.
Os moradores não sabem que atitude tomar. Segundo eles, o Corpo de Bombeiros orientou as famílias a abandonar suas residências durante pelo menos uma semana. No depósito ainda podem ser vistos vários focos acesos, alimentados pelos escombros formados por plástico, vidro e borracha.
Para quem não tem como deixar a residência durante uma semana, o que é o caso da maioria, só resta ficar trancado dentro de casa e tentar reduzir a incidência de fumaça dentro dos ambientes. “Aqui moram três crianças e todo o tempo os patrões cobram para que a casa fique totalmente fechada, para evitar qualquer tipo de infestação dentro de casa” contou a doméstica Raimunda Batista.
Na casa onde Raimunda trabalha, por conta da fumaça, as crianças tem ficado totalmente isoladas, impedidas de acessar as áreas externas da residência. “E por incrível que pareça o momento em que sentimos mais esse cheiro é depois das fracas chuvas que tem ocorrido. Acho que é quando a brasa é molhada e sobe mais fumaça”, calcula a doméstica.
Nem as centrais de ar podem ser usadas porque os condensadores acabam puxando a fumaça para dentro das residências.
Escombros e prejuízo
Quem passa pelo local do incêndio se assusta com a enorme quantidade de ferro retorcido, fumaça e fogo que não dá sinais de que irá apagar. No domingo, segundo o Corpo de Bombeiros, a temperatura no interior dos galpões alcançou 2 mil graus célsius. O calor foi tão grande que derreteu as hastes de metal que serviam de base para o prédio. Restou apenas um amontoado de cinzas.
Apesar dos rumores de que incêndio teria sido criminoso, o proprietário da Amazonas Importados, Márcio Cunha, disse não acreditar nesta versão. Ele não tinha seguro para os galpões. “Dois deles estavam cheios de mercadorias importadas. O terceiro galpão, com móveis, ficou intacto”, comenta ele. A empresa isolou com arame farpado a área do incêndio para impedir que haja invasões.
O Corpo de Bombeiros confirma que a fumaça que está saindo do local é mesmo muito tóxica. As equipes tentam a liberação de um trator para revirar e molhar os escombros que ainda queimam. Os bombeiros não pensam em utilizar a espuma química. “A espuma é mais adequada aos casos de incêndios provocados por líquidos combustíveis”, explica o tenente coronel Rogério, relações públicas do CBM.
A perícia já foi realizada no local sob o comando de um perito-engenheiro. Há vários palpites sobre o que teria ocasionado o incêndio, mas ninguém no Corpo de Bombeiros quer opinar antes do laudo definitivo que pode sair em 15 dias.