A primeira vista o local parece fazer parte de algum cenário hollywoodiano preparado para receber locações de um filme sobre catástrofes ou zumbis. As instalações sombrias chamam a atenção de quem passa pela Avenida Tancredo Neves, zona norte de Macapá, há cerca de 12 anos, e se tratam do futuro Hospital Metropolitano de Macapá. E ainda vai permanecer ainda por muito tempo. A prefeitura de Macapá, responsável pela obra, acaba de anunciar o cancelamento do contrato com a construtora responsável pela obra.
O local foi reprojetado para ofertar atendimento de urgência e emergência há cerca de 150 mil moradores, mas a sua concepção, em 2001, foi para o tratamento de pacientes com câncer.
A Secretaria Municipal de Obras (Semob) afirma que a retomada das obras já está sendo estudada e orçada. “Nós já entramos em contato com a empresa que realizou o primeiro projeto para que ela faça o levantamento do prédio e realize a readequação da planta, focando as alterações que aconteceram nas normas da Agencia de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina uma série de características próprias de um projeto arquitetônico de hospitais” explicou o secretário municipal de obras Rogério Cardoso, há apenas uma semana no cargo.
Para a Semob, o novo projeto deve estar pronto até meados de fevereiro, momento em devem ser montada toda a plataforma para receber o pregão eletrônico que contratará a nova empreiteira. “As inscrições de empresas participantes devem iniciar em meados de março. Desse momento em diante contarão trinta dias para a realização do processo licitatório. Após isso, inicia a contratação oficial da empresa que deve receber o novo projeto e o canteiro de obras no segundo semestre de 2014” acrescentou.
Claro que esse processo pode demorar um pouco mais, pois cabem recursos de empresas que se sentirem lesadas. Além disso, existem prazos de oficialização da documentação para assinatura do contrato e, por fim, o processo de liberação do recurso guardado para a obra, atualmente cerca de cinco milhões em verbas federais. Esse valor, no entanto, só será liberado após a entrega do novo projeto.
Cronograma do abandono da obra
2001
Começa a obra do Hospital do Câncer, que inicialmente consumiria cerca de 6 milhões de reais.
2004
Três anos depois as obras foram paralisadas. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal começaram a investigar a obra suspeita de superfaturamento e favorecimento de empresas. A investigação culminou na Operação Pororoca, que prendeu autoridades e empresários envolvidos no projeto do hospital.
2010
Com o fim das investigações, o projeto teve que passar por uma readequação. Foi nesse momento que a prefeitura decidiu que o foco de atendimento deveria ser outro e o projeto passou de Hospital do Câncer para Hospital Metropolitano, com atendimentos de urgência e emergência.
2012
As obras foram totalmente paralisadas e a empresa contratada desistiu da edificação. Foi nesse momento que o hospital deixou de ser uma construção destinada a saúde e passou a ajudar no problema habitacional de Macapá. Hoje famílias moram na construção abandonada.