A família do travesti amapaense morto em São Paulo, na madrugada da última terça-feira, 10, ainda não acredita no que aconteceu. Enquanto as investigações prosseguem em Campinas os familiares começam a se mobilizar para comparecer ao local e providenciar o translado do corpo para o Amapá.
Ruan Cleiton Madureira de Matos, 26 anos, foi encontrado em uma estrada de terra no entorno da cidade de Campinas, no Estado de São Paulo. Segundo as investigações realizadas pela delegacia de homicídios do município, a causa da morte foi um tiro a queima-roupa nas costas. Até o momento as investigações apontam para uma hipótese: a de que o rapaz, que usava o pseudônimo de “Gabriely Spanic”, foi alvejado por um cliente.
A mãe da vítima, Edinilce Lima, de 44 anos, mora em Macapá e recebeu a equipe de SelesNafes.Com em sua casa, no bairro Santa Rita. Ela disse não saber se seu filho trabalhava com programas sexuais. “Diretamente ele nunca falava qual era a sua forma de sustento em São Paulo, mas os amigos que ele mantinha na cidade afirmaram em seus depoimentos que meu filho trabalhava com programa e que a última vez que foi visto estava entrando no carro de um cliente” contou.
No único contado feito com a delegacia de homicídio que investiga o caso, o Delegado informou que era melhor tratar desses assuntos pessoalmente, e que aguarda a presença de um familiar para tratar dos procedimentos legais. “Por isso o meu filho do meio viajará neste sábado, para ter mais detalhes da investigação e cuidar da documentação para que seja realizado o translado do corpo” conta Edinice.
Gabriely era o mais velho de três irmãos e decidiu, há cerca de cinco anos, que lutaria por uma vida melhor em São Paulo, local onde realizou duas cirurgias, a de implantação de silicone e redução de quadril. Apesar da distância sempre se comunicava com os familiares fazendo uso das redes sócias. A última pessoa a manter contato com a vítima foi a tia materna Iranelma de Matos, momento que Gabriely teria afirmado que viria visitar a mãe no fim de janeiro e que passaria algum tempo ao lado dos familiares.
Com lágrimas nos olhos a mãe de Gabriely afirmou que estava feliz com a novidade. “Quando ele falava que vinha me visitar eu ficava muito feliz, principalmente nos últimos contatos, em que ele disse que passariam um longo tempo ao meu lado, só não imaginava que esse tempo seria realmente longo, como será agora” desabafou.
Prosperidade
Os familiares informaram que pelos depoimentos de Gabriely, a vida estava prosperando em São Paulo. “Quando eu perguntava para meu filho se ele estava bem a resposta sempre era sim, porém eu sempre falava que ele poderia contar comigo, que estaria ao seu lado a qualquer momento de dificuldade ou felicidade” acrescentou Edinilce.
Para os familiares, ele sempre falava que o seu próximo objetivo era levar a mãe para conhecer São Paulo e mostrar que estava feliz. Uma forma de tirar a preocupação da família em relação ao estilo de vida que Gabriely levava no centro metropolitano e demonstrar que estava vivendo o seu sonho. Para correr atrás desse sonho Gabriely largou a faculdade de Publicidade e se aventurou nessa viagem para São Paulo. Uma viagem que acabaria em tragédia quase cinco anos depois.
Agora os familiares buscam lembrar, dos momentos de felicidades ao lado de Gabriely, que sempre foi muito ligada à família. “Não tínhamos conhecimento de que meu filho tinha algum inimigo, muito pelo contrário ele sempre criava amizades com facilidade e todos os amigos podem confirmar isso, e descrever o seu jeito brincalhão” concluiu.
A família espera fazer o enterro ainda esse mês, mas tudo vai depender da burocracia para realizar a transferência do corpo da vítima.