Açaí: tradição cara de todos os dias

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Comprar um litro de açaí nem é assim tão complicado na entressafra do produto, apesar do preço do litro variar entre R$ 10 e R$ 15. É claro que nesse preço não dá pra consumir todos os dias. Mas para os donos de amassadeiras é cada vez mais difícil se manter na atividade, especialmente para os mais pobres que vendem o produto na periferia de Macapá e Santana. O preço da saca, com 60 quilos, bateu os R$ 250, mas pode chegar a R$ 300 como já ocorreu em anos anteriores.

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Dados da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado (Seicom) revelam que existem cerca de 1,5 mil amassadeiras de açaí nos município de Macapá e Santana. As que funcionam em locais de maior movimento de veículos e em bairros mais centrais, se modernizaram. Algumas possuem até 3 máquinas de produção, funcionários, ar condicionado e ainda aceitam pagamento com cartão de crédito. O resultado é uma cliente de maior poder aquisitivo, capaz de comprar o litro por R$ 15.

Seu Vital Andrade, batedor de açaí, afirma que o preço tem atingindo até os vendedores, pois há dias que não é negócio comprar a saca do fruto.

Vital Andrade, batedor de açaí, afirma que o preço tem atingindo até os vendedores, pois há dias que não é negócio comprar a saca do fruto.

Na periferia, o investimento no conforto quase não existe. As acomodações seguem os padrões antigos e por isso o preço do litro sai bem mais em conta, R$ 10. Independentemente do nível do conforto e da produção, o preço da saca do açaí é só um para todos. “Já chegou a R$ 300. Teve dia que não deu pra comprar”, desabafa seu Vital Andrade (FOTO), dono de amassadeira no bairro Provedor, em Santana.

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Em Santana, assim como em Macapá, o açaí chega das ilhas paraenses, e muitas vezes os caroços não estão no ponto certo de amadurecimento, o que interfere no sabor do produto. É o famoso “açaí paral”. “A gente traz de várias ilhas. A gente compra dos moradores, mas tem muita encomenda e não dá. Os próprios moradores estão aumentando o valor”, garante o barqueiro José Antonio Firmão, que chega a transportar meia tonelada por dia para o município de Santana.

José Firmão, atravessador, afirma que o preço está realmente alto, por isso o preço chega alto aos portos de Macapá

José Firmão, atravessador, afirma que o preço está realmente alto, por isso o preço chega alto aos portos de Macapá

O açaí também chega em grandes embarcações de passageiros, e o produto é descarregado no Porto do Grego. A negociação entre o atravessador e o dono de amassadeira ocorre na própria área portuária. “ a gente até dá o desconto para quem compra com a gente há mais tempo, mas não dá pra tirar muito. Tá caro mesmo”, garante o comerciante Carlos Henrique Gemaque.

A entressafra do açaí termina próximo de abril. Até lá, será caro e paral.

Seles Nafes
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