O combate à violência por um olhar espiritual

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A violência está avançando! Essa é uma conclusão lógica que chegamos de forma empírica. Não precisamos de confirmações estatísticas e dados científicos para comprovar o que salta aos olhos. Em tempos globalizados esse raciocínio nos parece ainda mais ululante. A visão mercantilista globalizada, das “necessidades fúteis”, da valorização do “TER” em detrimento do “SER”, a “reforço da ideologia capitalista da oniomania” (compulsividade por compras), dentre outros fatores que em confronto com a dura realidade de mais de 10% da população (cerca de 20 milhões de brasileiros) que vivem abaixo da linha da pobreza, favorecem o avanço da violência.

Mas a pergunta que devemos fazer é: quais os fatores que estão permitindo esse avanço? Sabemos que a urbanização, a má distribuição de renda, desemprego, o precário sistema educacional, o contexto de desenvolvimento psicossocial, dentre outros fatores contribuem para essa escalada. Mas em meio a todos esses fatores favoráveis à violência, há um que é imprescindível à sua contenção, e que muitas vezes é ignorado: o espiritual. Não há sombra de dúvida que o ser humano que nutre a sua vida espiritual, independentemente da religião que cultua, tem em comum um senso de paz, respeito, dignidade e amor. Isso faz parte do desenvolvimento da busca pelos princípios, moralidade e fraternidade. Sabemos que isso não é uma regra, mesmo por se tratarem de seres humanos, suscetíveis a deslizes, erros, recaídas e falhas. Mas na média geral, o ser espiritual é avesso à violência, principalmente por causa desse fator comum entre todas as religiões: a fé. Na prática ela representa uma esperança de algo melhor, a busca incessante por um ideal, pelo sonho, pela meta, pela felicidade e paz.

Esse olhar espiritual aperfeiçoa o homem, e o aproxima do ser supremo, do seu Deus. Sua vida é um milagre e você precisa dar mais valor a ela. Você sabia que 3 pessoas morrem por segundo no mundo, 102 pessoas por minutos, 6.178 pessoas morrem no mundo por hora, 148.272 pessoas por dia e 154 milhões por ano, e cerca de 60% de todas essas mortes, são de causas “não naturais”, ou seja, a ação destrutiva do homem contra o próprio homem, que incluem assassinatos, suicídios, infanticídios etc. No Amapá, os números da violência são impressionantes. O jornalista João Bolero Neto contabilizou em seu blog, que só em 2013 ocorreram 257 homicídios, (118 só por armas brancas, 103 por arma de fogo e 23 por pauladas), 116 mortes provocados pelo trânsito e 53 suicídios. Esses dados são desproporcionais para uma população de pouco mais de 735 mil habitantes. E por falar em suicídios, no Amapá, a taxa de suicídios entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 10 anos.

Quando as doenças espirituais se transformam em número, é hora de valorizar a fé em Deus, a fraternidade e os princípios, que representam, na prática, uma barreira ao avanço da violência. A fé e a fraternidade proporcionada pelas religiões promovem valores compartilhados, interação e limites sociais fortes, que evitam que o indivíduo se sinta isolado e, ao mesmo tempo, estabelecem um conjunto de ideais pelos quais viver, constituindo-se em um fator de contenção da violência e de seus dois principais elementos detonadores: emoção e intenção. Alguns estudos de organismos internacionais demostraram que ter uma fé e uma religião diminui o número de tentativas de suicídios, de envolvimento com a violência e aumentam a aversão a atos criminosos. A espiritualidade é desestimulada nas escolas e estimulada nos presídios, se fosse o contrário, teríamos mais cidadãos e menos presidiários. Nosso passado é inalterável, nosso futuro é uma tela que está sendo pintada pelo pincel do presente, e cabe a cada um de nós escolher a arte que ali será estampada. E apesar de não conhecermos os detalhes de como ela será, podemos pelo menos prever a arte final pelo rascunho de nossas intenções.

Gesiel Oliveira

Seles Nafes
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