Um impasse está deixando paralisada há cinco anos parte da obra de expansão da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A determinação foi do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A construção bloco de salas do curso de Educação Física prosseguia em ritmo acelerado em cima de uma área onde podem estar mais de 2 mil peças arqueológicas.
O sítio indígena “AP-MA-05” foi descoberto na universidade em 1997 durante escavações para instalar o sistema de esgoto do campus. Em 2008, a Unifap iniciou a construção do prédio do curso de Educação Física exatamente em cima do sítio, ignorando a necessidade de realizar pesquisas.
O sítio reúne a riqueza cultural das comunidades que viviam na região. Em 1997, mais de 100 peças foram achadas e, de acordo com estimativa do Iphan, o lugar pode guardar outros milhares. As peças analisadas até agora remontam as primeiras civilizações que habitaram o Amapá, há 1.200 anos. “Pedimos novos estudos na região e, ao que tudo indica, ainda há cerca de duas mil peças cerâmicas que correspondem à área do canteiro de obras”, estima o diretor técnico do Iphan Djalma Santiago.
Segundo o relatório de monitoramento arqueológico apresentado pelo arqueólogo Edinaldo Pinheiro Nunes Filho, em novembro de 2012, existem sinais da presença de mais peças arqueológicas. Um dos indícios é a existência de terra preta natural e de laterita, uma alteração no solo muito comum nos sítios.
Nas primeiras escavações o terreno pesquisado era menor. Com o embargo da obra em 2008, novas escavações foram feitas e a área foi redefinida. “Depois dos estudos recentes feitos pelo Iepa revelou-se que a área é bem maior. Há fotos que mostram a presença de laterita nas valas da obra”, afirmou Edinaldo Filho, atual diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas do Amapá (Cepap), entidade ligada à Unifap.
Os primeiros estudo, em 1997, foram feitos pelo Iphan e o museu paraense Emílio Goeldi para onde todas as peças achadas foram levadas. O Cepap faz esforços agora para trazer as peças de volta ao Amapá. “Tentamos através de portarias solicitar a volta das peças pelo Iphan, mas é um processo lento. Queremos trazer para cá para os alunos estudarem e conhecerem a nossa história”, explica o diretor do Cepap.
Enquanto a estratégia para trazer de volta as primeiras peças não surte efeito, o Iphan espera o cumprimento de uma solicitação para que a Unifap realize um novo georeferenciamento da área já existem dúvidas sobre o primeiro georeferenciamento feito Iepa. A Unifap ainda não atendeu.
Enquanto nada é feito, o curso de Educação Física fica prejudicado e o sítio arqueológico AP-MA-05, com toda a sua riqueza e história, vai continuar escondido.