Sem acompanhamento técnico, condomínios podem estar soterrando riquezas arqueológicas

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O Amapá guarda um verdadeiro tesouro em seu subsolo, e não é petróleo. Vários municípios, principalmente Macapá, estão em cima de grandes sítios arqueológicos. E agora, sobre eles, estão sendo construídos também vários empreendimentos imobiliários, como loteamentos e condomínios de casas a conjuntos de apartamentos sem qualquer tipo de acompanhamento especializado. O Museu de Arqueologia do Estado se prepara para fiscalizar todos os canteiros de obras.

Há duas semanas, em um dos vários condomínios ao longo da Rodovia Jk, operários encontraram urnas funerárias e outros objetos, situação que com certeza deve ter ocorrido em outros canteiros de obras, mas neste caso os operários resolveram chamar as autoridades.

Das 15 urnas encontradas, 11 eram funerárias . Algumas estavam intactas e possuíam restos humanos , entre eles o crânio de uma criança indígena. Outras quatro urnas guardavam utensílios. Equipes do Museu de Arqueologia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) e da Unifap interditaram o local e durante duas semanas escavaram para retirar todos os fragmentos com cuidado.

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Outro caso emblemático ocorreu em 2009 durante as obras de construção da ponte binacional, em Oiapoque. O descobrimento de vestígios de uma aldeia com mais de 1 mil anos na cabeceira brasileira da ponte chegou a interromper a obra durante algumas semanas. A construção só foi retomada depois que todo o material foi retirado e catalogado.

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Agora o Museu de Arqueologia decidiu que vai fiscalizar os outros condomínios. “Os empreendimentos recebem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas não contratam os arqueólogos para fazer o acompanhamento técnico”, denuncia o diretor do museu, Adervan Lacerda. “Se não houver acompanhamento adequado, a obra vai parar”, avisa.

Macapá vive um momento de expansão imobiliária nunca antes visto. E o Iphan, com o quadro reduzido, não consegue fazer acompanhamento de tudo. O instituto fez recentemente um concurso para a contratação de dois arqueólogos, mas ainda assim são poucos funcionários.

O Museu de Arqueologia fez parceria com o Iphan para intensificar a fiscalização. Ainda não sabe quantos empreendimentos serão visitados, mas a ideia é percorrer toda a JK e a Rodovia Duca Serra onde estão instalados a maioria deles.

Seles Nafes
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