À medida que se aproxima a reinauguração do estádio Milton de Souza Correa, o Zerão, (15 de fevereiro) manifestações políticas brotam nas redondezas da obra e sujam o patrimônio público. São frases de cunho político pichadas num muro que pertence à Unifap e passa bem trás do estádio. Mas esse vandalismo, felizmente, vem perdendo espaço para a arte do spray de rua, a grafitagem.
As frases fazem referências ao estádio que teve as obras paralisadas em 2009, durante o governo Waldez Góes (PDT), e retomadas em 2011, na gestão Camilo Capiberibe (PSB). As frases como “morder com os dentes dos outros” querem dizer na verdade algo do tipo “concluir o que o outro começou”. Independentemente de quem começou ou terminou, o problema é pichar a cidade só para dizer isso. “Já acho que aqui tão sujo e fedorento e ainda vem gente pichar o muro”, disse o técnico em eletrônica Manuel Assis, referindo ao lixo atrás do estádio que inclui principalmente restos de açougue.
Mas uma turma começou a mudar a paisagem. Sem uma ação combinada, eles foram chegando ao poucos e agora pretendem grafitar todo o muro atrás do Zerão, ou pelo menos até o dinheiro para o spray terminar.
É uma espécie de guerra em dobro. Primeiro contra o vandalismo, e depois para que cada obra, apesar das diferenças, lembre um pouco a que está ao lado. “Um grafiteiro faz uma pintura. O outro que chega pode fazer outra pintura do lado, mas é preciso que as duas tenham uma similaridade em cores”, explica Sebastião Possa, que passou a tarde com a esposa fazendo um desenho que homenageava Macapá.
Outros grafiteiros também tiveram a mesma ideia e usaram o sábado para dar um pouco mais de dignidade à paisagem que ficou cheia de pichações. No fundo, no fundo, a grafitagem é arte misturada com hobby, é bem mais bonita e radiante do que frases de ódio.