Na noite desta sexta-feira, 28, o desfile das escolas de samba abriu oficialmente o Carnaval no Meio do Mundo. Cinco agremiações entraram na Ivaldo Veras apresentando ao público alegorias e fantasias, com destaque para o tamanho de alguns dos carros alegóricos que impressionaram pelo tamanho. Mas também houve problemas no desfile de uma das favoritas ao título, a Piratas da Batucada. Uma das alegorias entrou com atraso e um rombo surgiu na passagem pela Ivaldo Veras.
Mas antes de todo o glamour encher de cores a avenida do samba, houve muita correria nos bastidores. A concentração é o início de tudo, o momento em que o desespero chega ao consciente das pessoas e por alguns minutos as discussões acaloradas acontecem. “É nesse momento que temos que gritar, para que a calma seja restaurada e nada estrague a harmonia da escola”, falava em alto e bom som o mestre de bateria da Embaixada de Samba Cidade de Macapá, Fábio Fumaça.
A fábrica de sonhos, atrasada em vinte minutos apenas para não se perder o costume, foi aberta com a Emissários da Cegonha, que trouxe todos os personagens do subconsciente com os contos infantis e os monstros personagens de nossos pesadelos. A pressa foi tanta que não deu nem para guardar a mochila ou terminar de encaixar a sapatilha, o jeito foi colocar o coração na mão e entrar com toda a coragem na avenida.
Aliás, coragem foi o que não faltou aos olhos dos destaques dos carros alegóricos, que antes de entrar no sambódromo tinham de ser carregados em guindastes para conseguir chegar aos seus postos nas altas alegorias. O jeito é fechar os olhos para evitar o medo imediato. “Sempre há o receio de acontecer algo, por isso todo esse ambiente tenso na entrada. Agora imagina tendo de ser carregado para os carros, sentindo esse frio na espinha e os pequenos balanços da estrutura dos carros, mas tudo está bem ensaiado para começar sem maiores problemas”, descreveu um dos destaques da Embaixada de Samba, Lucas Barros.
O destaque passou por um momento de desequilíbrio no momento de ser colocado no carro alegórico, mas a operação foi concluída com sucesso. Assim, a escola pôde entrar e desenvolver o seu enredo em torno da história do escritor José Sarney e o seu caminho do Maranhão para o Amapá, com as suas alas coreografadas.
O bom tempo também contribuiu para que as escolas que puderam desenvolver os projetos sem a preocupação com a chuva. Assim entrou a escola Solidariedade, terceira da noite, com o enredo baseado no misticismo da Cidade dos Deuses, localizada em Alenquer (PA) com a sua comissão de frente que trocava de roupa em plena a avenida.
Atributo também usado pela escola mais esperada pela torcida na noite. Os amantes do Piratão lotaram as arquibancadas com as tradicionais bandeiras amarelas e fizeram um lindo papel junto com a escola na avenida. Com os 40 anos da agremiação, a escola trouxe a sua velha guarda e a sua juventude, mostrando a renovação da escola.
Em seu histórico, a escola tem nove títulos apenas na “Era do Carnaval no Sambódromo”. Depois de ter passado despercebida em 2013, a escola estava disposta a fazer tudo diferente para disputar o título. O carro “A Barca” puxou toda a animação de crianças e adolescentes que desde cedo trazem amor pela escola. Mas um problema na estrutura da última alegoria fez o carro entrar com atraso causando um grande buraco no desfile da escola.
A última escola da noite foi a Piratas Estilizados, que homenageou a Banda, o maior bloco de rua do Amapá. Com a presença indispensável dos bonecos que alegram o Carnaval na terça-feira de Carnaval, e as histórias que o bloco coleciona em quase 50 anos de existência.