A chuva que cai há dias em Afuá, município paraense há cerca de seis horas de barco de Macapá, criou cenas inusitadas para a maioria das pessoas, mas normais para quem vive na região do arquipélago do Marajó. O principal rio que banha a cidade, o Marajozinho, subiu tanto que inundou até o cemitério de Afuá.
Apesar de paraense, o município, que tem cerca de 46 mil habitantes (12 mil na sede), é muito frequentado pelos macapaenses, especialmente no Festival do Camarão. O povo é acolhedor e a culinária muito boa, apesar de quase não haver rede hoteleira. Nos fins de semana normais, famílias inteiras vão passear na cidade que é conhecida pela “bicitáxi” e pelas passarelas que substituem ruas e avenidas.
Como Afuá tem pouquíssimas terras e é suspensa por palafitas, ganhou o apelido de Veneza Marajoara. O extrativismo (açaí e palmito), a pesca, o comércio, o turismo regional e o funcionalismo público são as rodas da economia.
Este ano as chuvas, mais uma vez, fizeram o Marajozinho invadir boa parte da cidade. No bairro Capimarim, o cemitério ficou completamente inundado. Só as cruzes das sepulturas ficaram pra fora.
Algumas casas na orla da cidade foram atingidas, mas normalmente o afuaense é convive sem muitos transtornos com as enchentes. A quadra esportiva que fica ao lado da pracinha onde ocorrem os eventos do Festival do Camarão sempre fica alagada. “Todo mês de março é assim. E lá pelos dias 8 ou 10 de março a previsão é de uma maré ainda mais alta”, relatou por telefone a jornalista Denise Quintas, que foi aproveitar o carnaval de Afuá com amigos e a família.
O povo de Afuá está tão acostumado com a maré alta que as enchentes não afetam em quase nada a rotina da cidade. O carnaval, por exemplo, teve a programa mantida em Afuá. Nesta terça-feira, 04, dezenas de blocos estavam confirmados para desfilar pelas ruas, ou melhor, pelas passarelas da agradável e hospitaleira Afuá.