O caso do padrasto que confessou ter estuprado o enteado de um ano e dois meses parece estar longe do fim, e acaba de gerar um incidente entre as polícias Civil e Técnica. O exame de constatação, feito pela Politec, diz que não há vestígios de penetração anal na criança. Mas a delegada Elza Nogueira, do Departamento de Polícia Especializada, continua afirmando que houve o estupro consumado, baseando-se nas condições da criança e na confissão do próprio acusado, que nesta sexta-feira, 15, quase morreu ao ser linchado na penitenciária.
A polêmica começou depois que o diretor da Politec, Odair Freitas, postou um comentário sobre o laudo em uma rede social, afirmando que não houve estupro. A postagem depois foi retirada, mas ficou no ar tempo suficiente para acender um barril de pólvora. Na postagem, o diretor afirmava que o laudo não atestava o estupro.
Na verdade, a perita que realizou o exame de constatação preferiu se resguardar, afirmando que a diarreia crônica que a criança tem também poderia ter produzido os ferimentos e o sangramento anal.
Mas na opinião da delegada do caso, Elza Nogueira, não há dúvidas sobre a culpa de José Nilton Sena, o padrasto. O comentário do diretor da Politec sobre o caso causou um mal estar tão grande que foi preciso a delegada convocar uma entrevista coletiva.
Segundo Elza Nogueira, a criança apresenta todas as características de vítima de estupro. O laudo médico da equipe do hospital diz que a criança está com o abdômen alterado, e que há um líquido preso entre o baço e o abdômen, provavelmente sangue produzido por hemorragia interna. Além disso, o médico que fez o atendimento percebeu os ferimentos e o sangramento pelo ânus. “E ainda tem a confissão do José Nilton Sena ao delegado que lavrou o auto, Daniel Mascarenhas. Na minha visão policial não há dúvidas. Se o laudo não é conclusivo sobre a penetração, todo o conjunto de vestígios e mais a confissão tem que prevalecer”, disse ela.
A delegada Elza Nogueira criticou duramente o diretor da Politec. “Ele coloca em cheque a Justiça e a investigação. Acredito que ele não conheça a lei 12.015\2009 que torna estupro tanto a conjunção a carnal quanto o ato libidinoso”, explicou a delegada.
A perita solicitou um novo exame na criança dentro de 15 dias. “É bom esclarecer que a investigação começou porque o médico que atendeu o menino no Pronto Atendimento Infantil (PAI) denunciou o caso por suspeita de estupro de vulnerável devido à inflamação e o sangue. É claro que a diarreia compromete o resultado, mas com o depoimento do padrasto e a condição clínica da criança não temos dúvida”, afirmou a delegada. O diretor da Politec, Odair Freitas, não atendeu telefonemas no fim de semana para se posicionar oficialmente a respeito do caso.
Pelo menos por enquanto, José Nilton continua com a prisão decretada. A criança continua internada no Pronto Atendimento Infantil com derrame pleural (pulmões cheios de líquido), inflamação do ânus e distensão e do abdômen.