Passadas mais de 24 horas após o rompimento do principal muro de contenção na obra da barragem da hidrelétrica de Santo Antonio, em Laranjal do Jari, o número de desaparecidos oficial continua em 4, mas funcionários garantem que havia mais pessoas no canteiro de obras no momento do acidente. Quando o alarme de rompimento foi acionado, por volta das 2 horas da madrugada do sábado, 29, alguns conseguiram fugir de carro ou a pé. Os que foram engolidos pelas águas do Rio Jari estavam trabalhando nas ferragens (alguns eram soldadores), enquanto outros operavam um guindaste e um caminhão. A tragédia poderia ter sido muito maior, já que a maioria dos operários estava no intervalo do lanche.
A barragem que está sendo construída tem cerca de 3 quilômetros de comprimento. O muro de contenção usado para desviar o curso do rio, chamado de “ensecadeira”, era o principal de um conjunto de 4. A estrutura era feita de barro e pedras, e no mês passado apresentou uma fissura de mais de 200 metros, segundo relatos de técnicos do Instituto de Meio Ambiente do Estado (Imap).
A força da água que arrastou trabalhadores e máquinas pode ter chegado a 260 quilômetros por hora, segundo cálculos de técnicos que vistoriaram o local do acidente. “As cabeceiras do Rio Jari são altas, e a água está descendo numa vazão de 2.600 metros cúbicos por segundo”, explicou o especialista que não quis ser identificado.
Equipes da Polícia Técnica, Imap, Corpo de Bombeiros e Sema estão no local da tragédia. Até o fim da manhã nenhum corpo havia sido localizado. As buscas com lanchas e mergulhadores reiniciaram às 6 horas da manhã.
O governador Camilo Capiberibe (PSB) esteve no local e conversou com representantes das empresas que constrói a hidrelétrica. “Vamos garantir todo o apoio para continuar as buscas aos desaparecidos e, principalmente, auxiliar no que for preciso às famílias das vítimas”, garantiu.