A Polícia Civil e o Bope continuam fazendo buscas na região próxima ao município de Porto Grande (105 quilômetros de Macapá) mais de 24 horas depois do assalto à agência do Bradesco. Três homens conseguiram levar uma quantia estimada entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Os bandidos sabiam que era dia de pagamento das empresas prestadoras de serviço que trabalham na construção da hidrelétrica do Rio Araguari e por isso escolheram o momento certo para agir.
O assalto ocorreu nesta terça-feira, 29, por volta de meio-dia. A agência estava cheia de clientes e funcionários por causa dos pagamentos das empresas. A polícia começou a tomar os primeiros depoimentos e descobriu que os bandidos não chegaram anunciando o assalto. Eles se passaram por clientes, um deles inclusive usando um uniforme da Alusa, o consórcio responsável pela obra da hidrelétrica.
O vigilante foi o primeiro a ser rendido e ficou sem a arma. Em seguida foi a vez dos funcionários e do gerente, que foi obrigado a abrir o cofre. Como a agência não tem câmeras de segurança o assalto não foi filmado, o que deve dificultar as investigações. Testemunhas que estavam do lado de fora viram quando os assaltantes saíram da agência correndo com um malote que aparentava estar pesado. Eles entraram numa Saveiro vermelha que tinha sido roubada momentos antes. O veículo foi abandonado em um ramal e já foi entregue ao proprietário.
Nos últimos dois anos, a cidade de Porto Grande vive uma explosão demográfica por conta da migração gerada a partir da construção da hidrelétrica do Rio Araguari, que deve ficar pronta até o fim do ano. A grande obra atraiu empresas prestadoras de serviço e trabalhadores que chegaram de várias partes do Brasil. Atraiu também mais moradores, aumentou a circulação e dinheiro, mas também de problemas sociais como a violência. “A gente passou a ver um monte de gente estranha andando nas ruas”, diz uma estudante de Porto Grande que não quis ser identificada.
A agência dos Correios, que também funciona como correspondente bancário, já foi assaltada três vezes. No ano passado, 17 operários foram presos depois de uma confusão generalizada. Um refeitório do canteiro de obras da hidrelétrica foi incendiado e seis deles ainda cumprem pena no Iapen.
No início do ano, um vídeo que mostrava uma relação sexual de uma menina de 14 anos com operários da obra vasou nas redes sociais. Ela aparecia nua dentro do carro de um dos funcionários, e parecia consentir com a relação. Mesmo assim, todos os envolvidos foram demitidos por justa causa.