Na terra do peixe, o peixe sumiu

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O município de Calçoene, a 440 quilômetros de Macapá, um dos maiores polos pesqueiros do Amapá, está sem peixe para a Semana Santa. Parece improvável, mas a reclamação é da própria prefeita do município, Maria Lucimar.

Segundo ela, o projeto Peixe Popular, que oferta o pescado a preços mais baixos em todos os municípios do Estado, deixou de atender o município. “Apesar de termos uma grande produção, esta semana o peixe ficou escasso em Calçoene. Tudo porque a cooperativa de pescadores resolveu levar toda a produção para Macapá”, contou a prefeita Lucimar. Nesta quinta-feira, 17, os boxes que comercializam pescado no principal mercado do município amanheceram com pouca oferta.

Arnaldo da Silva, presidente da Cooperativa de Pesca de Calçoene: redução da oferta

Arnaldo da Silva, presidente da Cooperativa de Pesca de Calçoene: redução da oferta

A Cooperativa de Pescadores de Calçoene se defendeu afirmando que está atendendo o mercado de Calçoene com o pescado, mas que teve que reduzir a oferta por conta de uma entrega de três toneladas em Macapá. “Realmente viemos a Macapá para fazer uma entrega, porém não deixamos Calçoene descoberto, até porque os peixes que trouxemos foi matrinchã e uritinga, que são pouco consumidos no município”, explicou o presidente da cooperativa, Arnaldo da Silva.

O representante da cooperativa confirmou que está sem posto de atendimento dentro da principal feira de Calçoene, e que no local existem apenas seis bancas de venda de peixe, e nenhuma é atendida pelo projeto Peixe Popular. Ele garantiu que na manhã da próxima sexta-feira, 18, estaria chegando ao município para levar a venda do peixe popular para dentro da feira.

Já o diretor da Agencia de Pesca do Amapá (Pescap), João Bosco Alfaia, afirmou não ter conhecimento sobre essa falta de atendimento do município. “Nós estamos acompanhando os municípios e não recebemos nenhuma demanda de falta de pescado, principalmente em um ponto com tanta concentração de peixe”, afirmou.

O empresário Odilon Filho, dono de um frigorífico e uma fábrica de beneficiamento de peixe, confirma o sumiço do pescado. “Vou ter que abrir a empresa na sexta-feira para vender filé à preço de custo para não deixar a população sem a tradição da Semana Santa”, adiantou ele.

 

Seles Nafes
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