Policiais federais do AP dizem que nova sede é “cortina de fumaça”

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Era para ser uma festa, afinal o prédio é novo, mas os problemas não. A Polícia Federal cruzou os braços em protesto durante a inauguração da nova sede do órgão às margens da Rodovia Norte/Sul, que ainda nem foi inaugurada. A manifestação aconteceu na manhã desta terça-feira, 29, e teve participação de 40 dos 50 policiais que atuam no estado. A categoria reivindica plano de carreira, autonomia e reestruturação do modelo de investigação. A classe avalia que a inauguração da nova sede é uma cortina de fumaça sobre a verdadeira situação da instituição.

Nova sede construída em 2 anos: "esforço deveria ser o mesmo para resolver outros problemas", criticam policiais.

Nova sede construída em 2 anos: “esforço deveria ser o mesmo para resolver outros problemas”, criticam policiais.

A nova sede foi concluída em dois anos de obras e conta com mais de 200 salas, desde laboratórios, alojamentos, auditório, controle de acesso, escritórios e estandes de tiro. O espaço tem mais comodidade e segurança para os agentes federais. “Essas facilidades de estrutura facilitam o trabalho de todos. Além é claro, da própria segurança, você não terá acesso a todo o prédio porque temos controle de várias salas, precisa-se de cartão magnético ou a própria digital para passar”, explicou o agente André de Oliveira.

Policiais dizem que a política passou a interferir nas investigações

Policiais dizem que a política passou a interferir nas investigações

O amapaense conhece bem a Policia Federal, operações como a Pororoca, Sangue Suga, Citrus, e Mãos Limpas são alguns nomes bem famosos. De acordo com o Sindicato dos Policiais Federais no Amapá (Sinpofap), a política passou a interferir no sucesso das investigações quando os policiais passaram a ser obrigados a manter o Poder Executivo bem informado sobre as apurações. “Há uma verdadeira ingerência em relação ao órgão, desde a última operação da PF no Amapá. Como precaução, criamos o Sistema de Controle de Operações para tentar andar com o processo, porque sempre que envolve alguém da alta cúpula da política a investigação não anda. Ocorrem vazamentos e isso compromete todo o nosso trabalho”, explicou o policial federal e representante do Sinpofap, Jorielson Nascimento.

Os policiais acreditam que o mesmo esforço usado para inaugurar o novo prédio deveria tentar resolver os principais problemas da categoria. “Qual é a intenção de se inaugurar uma sede nova em ano eleitoral? Todo esse esforço deveria ser para atender as reivindicações dos policiais. Nós queremos reestruturação e autonomia para a PF, não vamos admitir qualquer tipo de ingerência. Como podemos investigar um politico se temos que dizer a ele que está sendo investigado? É absurdo”, declarou o policial Mauro Menezes.

Jorielson Nascimento, diretor do Sindicato dos Policiais Federais do Amapá

Jorielson Nascimento, diretor do Sindicato dos Policiais Federais do Amapá

Apesar da suposta sabotagem política e institucional, a categoria diz que se sentir motivada a continuar investigando políticos e instituições corruptas do Brasil. “Isso nos motiva, nos fortalece enquanto instituição, mas a partir do momento que somos amordaçados por causa da natureza do nosso trabalho agimos e dizemos que não vamos ficar calados”, garantiu o policial Miguel Santos.

Manifestação mobilizou 40 dos 50 policiais lotados na superintendência do AP

Manifestação mobilizou 40 dos 50 policiais lotados na Superintendência do AP

Os policiais federais acusam o governo federal de comprometer a segurança do país na Copa do Mundo. “Fomos totalmente alijados nesse processo porque estamos reivindicando seriedade no tratamento de todos. Algo muito grave pode acontecer por causa do descaso que estão fazendo com a Polícia Federal”, concluiu Jorielson Nascimento.

 

Seles Nafes
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