Presos que cumprem pena na penitenciária do Estado deram um passo importante no início de uma nova vida quando deixarem a cadeia. Cinquenta deles se inscreveram nos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e começaram estudar nesta segunda-feira, 14. As aulas formarão ajudantes de obras e pintores de construção civil, um dos setores que mais empregam trabalhadores no Estado.
Os cursos terão duração de 160 horas. Vale ressaltar que para casa 12 horas de capacitação é reduzido um dia na pena do preso, totalizando 13 dias a menos na pena dos detentos que finalizarem o curso.
O Amapá possui 2.500 presos. Desse total, 800 já participaram de cursos de capacitação promovidos pelo Pronatec/Senai. “O importante é que eles terão uma profissão quando saírem do Iapen, e isso faz parte do processo de ressocialização. Percebemos que a maioria dos detentos se interessa em aprender. Temos casos de pessoas que conseguiram trabalho e não voltaram para o crime. Além disso, há redução da pena para todos que concluem o curso”, explicou o coordenador de tratamento penal do Iapen, Emerson Silva.
De acordo com dados do governo federal, o Amapá é o terceiro estado do Brasil com maior número de detentos na sala de aula. Para o coordenador do Departamento Regional do Pronatec/Senai, Jonas Douglas, os cursos são uma grande oportunidade para os detentos. “O objetivo é tornar acessível aos internos cursos que de outra forma não seria possível. Com isso eles ganham mais oportunidades de chegar mercado de trabalho quando saírem daqui”, ponderou Douglas.
Cassius Clay, 35 anos, cumpre pena por tráfico de drogas e ainda tem dois anos para cumprir. Ele fez dois cursos com 160 horas cada e agora ajuda na pintura de um centro de ressocialização. “Quando saímos daqui a sociedade discrimina a gente. Mas por meio desses cursos nós provamos que temos capacidade e queremos mudar. Precisamos apenas de oportunidade”.
Para Cassius Clay, o mundo do crime ficará para trás. Mas esse novo rumo na vida depende muito da consciência de cada pessoa. “Agora vou levar minha vida pra frente arrumando um emprego quando sair. Foi um choque para a minha família quando eu fui preso. Eles não sabiam do meu envolvimento com o tráfico de drogas. Quando apareceram essas oportunidades aqui dentro eu agarrei com força. Quero sair daqui e mostrar para minha família que eu mudei”, conclui.