Pacientes que aguardam a vez na fila de cirurgias ortopédicas do Hospital de Emergência de Macapá perderam a paciência neste sábado, 3. Eles resolveram protestar silencioso contra a demora na realização dos procedimentos, e sentaram no meio da Rua Hamilton Silva, no bairro Central, exatamente em frente ao hospital.
O protesto começou por volta das 15 horas, depois de uma confusão na entrada do HE. Um paciente teria descoberto que o nome foi retirado da lista de cirurgias com o procedimento sendo remarcado para outra data. Iniciou-se um bate-boca que terminou com a presença da Polícia Militar e em seguida o protesto no meio da rua. “Chegou um policial me pegando pelo braço na maior truculência e me empurrou”, queixou-se autônomo Danilo Gama Souza, com o braço esquerdo quebrado há duas semanas.
Danilo e outras 30 pessoas, entre pacientes e familiares, não se importaram com o asfalto quente das 15 horas. Sentaram no meio da Hamilton Silva e pararam o trânsito. “Fiz meu prontuário dia 14. Tô com a perna quebrada há vinte dias. Os médicos passam perto do meu leito e nem dão atenção”, disse em tom de desabafo o comerciário Diego Rodrigues Mendes.
A PM foi chamada para organizar o tráfego e garantir o direito de protesto que, apesar de dramático, foi realizado de forma pacífica. “Tem gente esperando há dois meses dormindo em colchões no chão do hospital”, acrescentou outro paciente que não quis dizer o nome.
A demora nas cirurgias ortopédicas vem gerando uma fila que não para de crescer e virou até ação judicial do Ministério Público Federal. No início do ano o governo do Estado foi condenado regularizar as cirurgias e organizou mutirões para reduzir a fila. A Sesa culpa a quantidade de acidentes de trânsito pelo crescimento da fila, mas também faltam médicos especialistas em trauma e até equipamentos mais simples como macas e cadeiras de roda.
Durante o protesto uma moça chegou desmaiada em um carro, só que mais uma vez não havia maca para retirá-la de dentro do veículo e encaminhá-la para o atendimento. Ela precisou ser carregada por amigos e voluntários. Ninguém na direção do HE foi encontrado para comentar o protesto que durou cerca de 2 horas.