A 1ª Vara do Tribunal do Júri decretou no fim da tarde desta quarta-feira, 15, a prisão preventiva da professora Aurivânia Neves da Silva, de 42 anos. No último dia 9, na Casa do Professor, Centro de Macapá, ela acertou dois tiros na também professora Marineide da Silva Lopes, 42 anos, num surto de ciúmes. O advogado de defesa vai pedir a revogação da prisão baseado em um laudo psiquiátrico.
Aurivânia falou com exclusividade ao site SELESNAFES.COM horas antes de ser apresentada à polícia (o que deve acontecer ainda nesta quinta). Chorando o tempo todo, a professora explicou que viveu com Valcinei (também professor) durante 18 anos. Da relação nasceram três filhos, hoje com 18, 15 e 4 anos de idade.
Professora de história do ensino médio, ela disse que acreditava ter um casamento era sólido e feliz, até que nos últimos meses as brigas comuns de casais teriam começado a resultar em agressões físicas. No fim do ano passado, ela teria descoberto o romance extraconjugal do marido.
Vale ressaltar que no dia da tentativa de homicídio, o filho da vítima declarou que a mãe já era companheira de Valcinei havia pelo menos 6 anos. Aurivâniae negou ter ameaçado Marineide, apesar de a vítima ter registrado pelo menos dois boletins de ocorrência contra ela.
Aurivânia não revela de quem era a arma usada no crime. O revólver foi jogado no Rio Amazonas após a fuga. Marineide continua internada na Hospital da Unimed se recuperando de uma cirurgia para a retirada de dois projéteis.
Se a Justiça não aceitar os argumentos da defesa, Aurivânia deve ser presa assim que se apresentar ao delegado responsável pelo caso. Abaixo, alguns trechos da entrevista com ela.
A professora Marineide disse que já tinha registrado queixa contra a senhora por ameaça…
Eu nunca briguei com essa senhora. Na verdade eu fui na casa dela algumas vezes depois que eu descobri que ele (então marido) tava envolvido com ela. Outra vez fui lá porque meu filho tava lá e eu queria levá-lo para casa. Aí ela registrou ocorrência de perturbação de sossego, fui chamada na Delegacia de Mulheres, mas não tivemos nenhuma briga.
A senhora não aceitava o fim da relação? A senhora insistia em reatar?
Eu queria que a gente voltasse, até pelo tempo que a gente ficou junto. Eu queria ver de novo a minha família organizada. Ele sempre ia muito lá em casa, mas sempre com bastante conflito.
Houve agressões?
Ele me agrediu.
O que foi que aconteceu naquele dia (9) pra senhora tomar aquela atitude?
Eu fui na Casa do Professor marcar uma avaliação com um psicólogo e encontrei com ela (Marineide) lá…
A senhora já tinha uma arma na bolsa?
Coincidentemente, sim!
Mas a senhora sempre andou armada?
Não!
Mas então porque a senhora tinha uma arma na bolsa?
Eu tinha medo, sei lá…
A senhora estava com raiva?
Eu tava muito abalada. Mas quem me conhece sabe que eu não sou uma pessoa violenta. Durante muitos anos trabalhei com crianças e depois adultos. Fui diretora de escola e sempre tive um relacionamento harmonioso com meus colegas.
A senhora se arrepende?
Muito! Pelos meus filhos, pela minha carreira profissional. Peço desculpas a todos. A sociedade me conhece e sabe que a pessoa que tá falando aqui é totalmente diferente da pessoa daquele dia.
A senhora faz tratamento psicológico ou psiquiátrico?
Os dois.
A senhora tem depressão?
Eu já tinha antes de tudo isso acontecer. Eu me tratava e uso medicamentos. Mas tínhamos um relacionamento bom. Nós viajávamos, éramos um referencial como família.
O que a senhora pretende fazer agora?
Responder pelo que fiz. Quem tinha uma família sólida e organizada e de repente vê tudo acabado precisa ter uma estrutura psicológica muito sólida. Embora eu não tenha um ferimento exposto, eu tenho um na alma que nunca mais vai se recompor. Você se corta, passa um remédio e sara. Mas os ferimentos da mente e da alma não saram facilmente. É muito fácil julgar, porque esse ferimento meu nunca vai estar exposto, ninguém vai ver. Ninguém pode entender a minha dor.