Profissionais de enfermagem e de outros setores do Pronto Atendimento Infantil (PAI) fizeram um protesto na manhã desta terça-feira, 24. Eles reclamam de sobrecarga, péssimas condições de trabalho, e até de agressões físicas cometidas por acompanhantes, tudo fruto da superlotação da unidade.
Em apenas uma manhã, o PAI atende até 120 crianças, e, na maioria das vezes, o trabalho que seria para nove pessoas é executado por apenas duas. Os técnicos ameaçam paralisar se nada for feito. “O cúmulo é que precisamos trabalhar com escolta policial porque os pais vêm para cá, enfrentam horas de atendimento e cansados agridem os trabalhadores. A gente chegou ao nosso limite. Não depende de nos e sim do governo”, declarou a técnica em enfermagem e diretora do Sindicato dos Servidores da Saúde, Maria Léia Nunes.
Os funcionários denunciam que, além de riscos de contaminação tantos dos profissionais quanto das crianças, há ainda a sobrecarga de trabalho. “Num turno, 1 técnico atende 15 e até 30 crianças. Um médico atende isso também. A culpa não é desse ou de outro governo, isso são anos de descaso com a saúde pública. Um pai, quando procura o atendimento, já vem reclamando que na UBS do bairro não tem nada”, explicou a enfermeira Fátima Pantoja.
Muitos pais entendem a situação dos profissionais, mas lamentam pelas crianças. A dona de casa Paula Queiroz, que reside no Jardim I, trouxe o filho para se consultar por causa de dores no ouvido. “Eu sei que não têm estrutura mínima, mas eu, como mãe, fico angustiada com meu filho chorando de dores. Na UBS só deram injeção e mandaram a gente embora. Aqui, eu peguei a senha 83 e ainda tá na 45”, reclamou.
No último dia 15, representantes do Sindicato dos Médicos foram até o local e encontraram 44 crianças em tratamento improvisado. No fim da manhã, um grupo de funcionários procurou o Ministério Público do Trabalho para denunciar as agressões sofridas pelos profissionais. Nesta tarde, o sindicato deve expor as denúncias ao secretario de Saúde, Jardel Nunes.
Na segunda-feira, médicos do Hospital da Criança também pediram a intervenção do Ministério Público do Estado. Médicos sem treinamento adequado estão tratando crianças críticas em CTIS improvisados.