O Pronto Atendimento Infantil do Hospital da Criança é um barril de pólvora prestes a explodir. Não há leitos, banheiros estão sujos e quebrados, e há até casos de agressões a médicos e profissionais de enfermagem. No último domingo, 15, representantes do Sindicato dos Médicos foram até o local e encontraram 44 crianças em tratamento nos corredores da unidade, além de 4 que estavam entubadas em cima de macas.
O sindicato foi chamado pelos médicos que estavam de plantão para conferir as condições de trabalho e tratamento dos doentes. Além dos pacientes pelos corredores, o que mais chamou atenção foram as crianças em estado crítico ligadas a aparelhos de ventilação mecânica. Os “leitos” em que estavam na verdade são macas. “É quase uma UTI improvisada. Os médicos não tem treinamento para isso. Também encontramos leitos com duas crianças de uma só vez em tratamento produzindo um grande risco de infecção bacteriana”, relatou o presidente do Sindicato dos Médicos, Fernando Nascimento.
Além desses problemas, o sindicato também se deparou com a falta de máscaras de nebulização e antibióticos. “A criança começa a ser tratada com um tipo de antibiótico que depois acaba no estoque. Aí é necessário recomeçar o tratamento com outro tipo de medicamento”, explicou.
No domingo, havia 5 médicos pediatras de plantão. O número e considerado bom, mas sem infraestrutura a situação acaba fugindo do controle. “As unidades básicas de saúde dos bairros tem parte da culpa nessa situação. São 2 ou 3 pediatras apenas atuando na rede municipal. Dá pena de ver essas famílias que são muito pobres e não tem mesmo para onde recorrer”, lamentou o presidente da entidade.
Com tantos problemas, muitos pais acabam descarregando a frustração e a raiva em cima dos profissionais. Há casos de agressões, por isso os médicos querem mais profissionais de segurança dentro da unidade.
O deputado Furlan, que é médico e acompanhou a visita do sindicato, também ficou impressionado com as cenas. “O PAI e o HCA (Hospital da Criança e do Adolescente) vivem um momento crítico, desumano, tanto para os profissionais quanto para as crianças e familiares. Na falta de leitos, os pacientes e familiares ficam em macas nos corredores. Na falta de macas, as crianças dividem o mesmo espaço em maca ou ficam em cadeiras”, resumiu.
Furlan disse que vai encaminhar relatório ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público. É importante ressaltar que o governo do Estado está ampliando o Hospital da Criança para criar mais espaço ao Pronto Atendimento Infantil. A obra, contudo, só deve ficar pronta no ano que vem.