O muro de arrimo do Aturiá, em construção há quase um ano, ainda está longe de ser concluído. A construção deveria estar em fase final de execução, conforme o planejamento inicial, mas ficou parada por quatro meses e só foi retomada esta semana. A obra, que tem custo estimado em R$ 12 milhões, resolveria o problema de invasão do Rio Amazonas e a destruição das casas pela força da maré.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, a falta de uma barreira para conter a força da maré já causou a destruição de dezenas de casas construídas na orla. Ventos e maré alta trazem troncos de árvores que são arremessados contra as casas desestruturando os imóveis, causando perdas e desastres.
Cerca de 40 famílias ainda insistem em morar nas casas que já estão no leito do rio e correm sério risco de cair. A família Souza é um exemplo. A costureira Madelina Nunes de Souza, de 53 anos, conta que não consegue dormir direito à noite com medo de ter sua casa levada pela maré. “Meus filhos foram morar com a tia deles porque têm medo de ficar aqui. A situação piora quando a maré alta combina com a chuva. A casa treme. Às vezes meu marido tem que pular no rio para empurrar os troncos que batem na casa”, relatou.
A lentidão da obra é causada por burocracias e adaptações no projeto, segundo o coordenador de obras da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Washington Marques. “Tivemos que fazer um novo estudo de solo porque a rua que passa pela orla deve ter continuidade até o Aturiá. Essa readequação exigiu novos trabalhos de topografia, conforme exigências da Caixa Econômica Federal. É claro que isso também teve reflexo no orçamento que passou por novos cálculos”, explicou. Ainda segundo o coordenador, a obra foi retomada com duas frentes de trabalho para dar mais celeridade à construção.
Para que a construção do muro fosse liberada, 80 famílias foram retiradas da área. Algumas foram indenizadas, mas a metade foi morar em casas alugadas pagas pelo governo. Essas famílias serão beneficiadas com apartamentos em prédios que estão sendo construídos na Vila dos Oliveira, com recursos do PAC.
O muro terá um quilômetro de extensão, começando no Complexo do Araxá até a Avenida Equatorial. Segundo o projeto, o complexo final contará com mureta, guarda-corpo e calçada.