Fotos tiradas por funcionários e parentes de pacientes do Hospital de Emergência de Macapá mostram que a superlotação do único hospital de pronto-socorro da capital continua gerando cenas inusitadas. Sem leitos, pacientes ocupam a rampa que dá acesso ao centro cirúrgico. Até uma rede já pode ser vista. Equipes de enfermagem preparam representação ao Ministério Público para denunciar médicos que teriam abandonados pacientes do setor de ortopedia.
No início da semana, o HE enfrentou problemas com a falta de iluminação. Foi uma madrugada inteira no escuro, com equipes de enfermagem aplicando medicamento apenas com auxílio da luz de telefones celulares. O problema só foi resolvido mais de 24 horas depois, já no fim da segunda-feira, 27.
Profissionais de enfermagem denunciam o abandono de pacientes por médicos do setor de ortopedia, o que acaba aumentando desnecessariamente o tempo de internação. “Alguns médicos terceirizaram a prescrição dos pacientes. É um técnico de enfermagem escolhido por eles que vai lá no setor e manda repetir a prescrição. Por isso que tem pacientes tomando antibióticos há 30 dias, sem controle”, denuncia uma técnica de enfermagem.
Na última sexta-feira, 3, o secretário de Saúde, Denilson Magalhães, recebeu um grupo de profissionais de enfermagem e ouviu relatos sobre muitas situações. Ele determinou que a coordenação hospitalar se instalasse dentro do HE para acompanhar de perto essa situação. No sábado, 4, o técnico de enfermagem foi impedido de continuar prescrevendo e agora não pode mais entrar no HE. O caso foi encaminhado para o Conselho Regional de Enfermagem (Corem) como possível crime de exercício ilegal da profissão, já que só médicos podem passar tratamento com remédios.
A coordenação hospital verifica agora quais pacientes podem receber licença (para tratamento em casa) ou alta. O site SelesNafes.Com tentou contato com o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Dorimar Barbosa, mas ele não retornou as ligações e mensagens.