Após duas horas e meia de audiência pública nesta quarta-feira, 19, acadêmicos, professores e técnicos da Universidade Federal do Amapá (Unifap) decidiram esperar até sexta-feira, 21, uma nova proposta da administração da Unifap sobre a reabertura do Restaurante Universitário (R.U). A audiência foi organizada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE). O RU está interditado pela reitoria desde o dia 5 desse mês, quando mais de 40 alunos passaram mal ao ingerir comida possivelmente contaminada. Os alunos discordam do valor do auxílio que a Unifap quer ofertar enquanto o restaurante não funciona.
O Restaurante Universitário é fruto de longa história de luta do movimento estudantil. O espaço foi inaugurado em 2011 após diversas manifestações dos alunos. Os estudantes já haviam reclamado da alimentação de péssima qualidade, inclusive, em alimentos já teriam sido encontrados pedaços de insetos e pequenas pedras.
Na semana passada, técnicos da Vigilância Sanitária analisaram a água do restaurante, mas o resultado só será divulgado no prazo de 30 dias. Segundo a reitoria da instituição, diariamente o RU alimentava 1.700 alunos em três turnos. A proposta da Unifap era ofertar um auxílio-alimentação de R$ 8 para os acadêmicos mais pobres, e que já recebiam o auxilio para se alimentar no RU. “Nós não vislumbramos outra saída, a não ser pagar esse auxilio de R$ 8 aos 965 estudantes que não possuem renda. Isso geraria um custo de meio milhão até o término do semestre. Enquanto isso faríamos uma nova licitação”, pontuou a reitora da Unifap, Eliane Superti.
Os acadêmicos, além de não aceitar a proposta da reitoria, se negam a começar o primeiro semestre de 2015 sem o restaurante. “A volta da mesma empresa é inadmissível. Já que não dá pra abrir um novo processo licitatório e emergencial. Nós decidimos esperar a reitoria analisar um aumento no valor do auxílio até sexta-feira”, explicou a acadêmica de direito e membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Flávia Calado.
Para alguns professores, a proposta da reitoria compactua com interesses privados. “Há um interesse público e outro privado dentro da universidade. Não é de hoje que reitores submissos cedem a uma política de privatização universitária do governo federal”, declarou o professor do curso de história, André Guimarães.
Punição
Quem passou mal ao se alimentar no restaurante quer a punição da empresa que prestava serviço à instituição. “Eu e mais de 40 alunos passamos mal ao comer no restaurante. Além de uma nova empresa, nós queremos a punição para a empresa que intoxicou os alunos”, reivindicou a estudante de Farmácia, Ana Arisa Lima.
Na próxima sexta-feira, os estudantes se reúnem com a reitoria para dizer se aceitam a nova proposta. Enquanto isso, os alunos continuam enfrentando dificuldades para se alimentar. Na universidade existe apenas uma lanchonete que não atende a demanda dos 7 mil alunos da instituição.