Depois de quatro arrastões em menos de três meses, alunos, pais, professores e técnicos da Escola Estadual Deusolina Sales Farias, no Bairro do Pacoval, decidiram suspender as aulas por tempo indeterminado. A sensação de insegurança é tão grande que nas últimas semanas os alunos têm assistido às aulas trancados nas salas. A escola, que fica a duas quadras do Ciosp do Pacoval, possui apenas um vigilante que trabalha desarmado.
Na escola estão matriculados 1.218 alunos. Um protesto nesta terça-feira, 9, pediu mais segurança no local. De acordo com o relato dos professores, os assaltantes que promoveram arrastão na escola na última quarta-feira, 3, entraram pelos fundos do colégio. A escola foi reinaugurada em março, mas sem que o muro tivesse sido concluído. “Eles entram nas salas de aula e levam tudo que podem carregar. Colocam facas no nosso pescoço e mandam a gente fechar os olhos. É horrível. Na quinta-feira lecionamos com as salas trancadas com medo de assalto”, relatou o professor do ensino médio, Manoel Leal.
A comunidade escolar tenta solucionar o problema desde setembro, quando ocorreu o primeiro arrastão. Na última sexta-feira, 5, houve uma assembleia para debater o assunto, mas a Secretaria de Educação (Seed), Ministério Público, 6ª Batalhão da PM, Conselho Tutelar e Sindicato dos Professores (Sinsepeap) não mandaram representantes. Todos alegaram que não receberem convite oficialmente.
Facas de açougueiro
A escola, que já foi assaltada nos três turnos, ficará sem aulas até que a Secretaria de Segurança Pública do Estado tome uma providência. “Nós decidimos suspender as aulas porque temos medo. Os caras assaltam drogados e com facas de açougueiro. Queremos estudar, mas temos que proteger a integridade de todos. Já recebemos uma mensagem dos bandidos dizendo que vão passar o Natal dentro da escola. Não tem condições desse jeito”, ressaltou o professor de geografia, Emerson Ramos.
Não é difícil achar um professor que ainda não tenha sido vítima da bandidagem. “Eu estava preenchendo a caderneta quando eles entraram com terçados e anunciaram o arrastão. Ficamos totalmente impotentes. Quando saí de casa, no outro dia, cheguei a pensar que poderia não voltar”, contou o diretor adjunto da escola, Rubenício Martins.
Para quem estuda à noite o medo é maior. “Eu fico amedrontada. A segurança é zero. É extremamente difícil se concentrar nas aulas e imaginar que a qualquer momento alguém pode invadir a sala e nos roubar”, contou a aluna do EJA, Josilene Alves, de 27 anos.
A Secretaria de Estado da Educação informou que já mandou ofício para a Polícia Militar solicitando patrulhamento no entorno da escola, mas até agora nada foi feito. Enquanto a situação não é resolvida, as aulas na escola continuam suspensas.