A paralisação do transporte escolar nas áreas rurais por falta de pagamento causou novo desentendimento entre professores, diretores e a Secretaria Estadual de Educação (Seed). Professores defendem que há um descompasso no ensino, já que em escolas rurais parte dos alunos não tem condições de se deslocar para a escola, o que pode atrasar o ano letivo. Algumas escolas optaram pela suspensão das aulas.
Rosinete Rodrigues: a critério de cada escola
Outros estabelecimentos tentaram contornar a situação com uma negociação com os pais. De acordo com a negociação, os alunos que dependem do transporte escolar não precisam ir às aulas nos últimos dias do ano letivo. Vão apenas receber atividades que serviriam como presença e atividade complementar para finalizar o ano. Porém, outras escolas informaram, que por conta da falta de alunos, a Seed havia apresentado uma portaria para que o ano letivo fosse paralisado, voltando depois do Natal, quando o serviço de transporte deve ser regularizado.
Comunidades rurais como o Maruanum cumpriram essa determinação e pararam as aulas. “Como na nossa escola não houve nenhuma movimentação da direção para a suspensão das aulas, continuamos o ano letivo, mesmo tendo um baixo número de estudantes. Mas chegou outra informação afirmando que, por conta da falta de alunos, os dias de aulas que estamos ministrando não contariam na caderneta, já que muitos alunos estão sem poder estudar”, contou uma professora da escola do Torrão do Matapi, que não quis se identificar.
Escola que aderiu ao trabalhos para compensar a falta dos alunos no restante do ano letivo. Fotos: Anderson Calandrini
Preocupados com a falta de alunos e com a informação da caderneta cancelada, os professores não sabem como agir. “A direção da escola disse que as aulas ficariam normais, mesmo sem os alunos. Na minha sala menos da metade dos alunos estão frequentando. De 30 apenas 12 estão vindo às aulas”, acrescentou a professora.
A coordenadora de Educação Básica da Seed, Rosinete Rodrigues, nega que as aulas tenham sido suspensas. De acordo com ela, nenhuma escola recebeu orientação para paralisar, mas admitiu que cada escola deverá encontrar sua própria solução. “A determinação da Seed é a continuação do ano letivo. Deixando a cargo da direção de cada escola a conclusão do ano letivo com os alunos que não podem chegar às aulas”, enfatizou Rosinete.