Vida em farrapos: “Cracolândia” na Beira-Rio

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Há tempos que uma espécie de gruta, debaixo do Trapiche Eliezer Levy, em pleno Complexo Beira-Rio, serve de albergue para verdadeiros zumbis das drogas. Eles passam o dia dormindo, se drogando, e a noite realizam pequenos furtos para financiar o vício.  Na madrugada desta sexta-feira, 16, policiais do 6º Batalhão atendiam uma ocorrência de furto em um dos quiosques e não precisaram ir muito longe para encontrar os ladrões. Eles estavam no “albergue” junto com outros viciados e muitos produtos furtados, incluindo a televisão de 60 polegadas que tinha sido levada do quiosque. Entre eles havia uma jovem de aproximadamente 20 anos que fugiu de casa para fumar crack.

Roupas e produtos furtados escondidos no "albergue". Fotos: Jair Zemberg

Roupas e produtos furtados escondidos no “albergue”. Fotos: Jair Zemberg

A televisão foi levada de um restaurante, e o proprietário chamou a polícia assim que percebeu. O primeiro local visitado pelos policiais foi o abrigo, onde estavam cerca de 10 “moradores”, incluindo uma jovem cuja história é parecida com a de outros filhos que abandonam tudo para morar na rua.

Cotidiano no meio de fezes, ratos. Um varal de roupas lembra que ali moram seres humanos

Cotidiano no meio de fezes, ratos. Um varal de roupas lembra que ali moram seres humanos

Um dos policiais verificou o celular dela e descobriu fotos da época em que não era viciada em crack. As fotos mostram ela e a casa confortável onde morava com os pais, até decidir deixar tudo para morar com o namorado debaixo do Trapiche Eliezer Levy. “Na minha casa não deixavam eu fumar. Aqui fumo à vontade”, confessou ela a um dos policiais.

O lugar é muito apertado. Só é possível entrar rastejando. A televisão de 60 polegadas furtada do restaurante só entrou deitada e porque é fina. Dez pessoas moram no local, entre fezes, urina e ratos. O odor é muito forte. Além da TV, no local havia ventiladores, celulares e outros objetos de furtos e pequenos assaltos. Dois moradores foram identificados como os ladrões que arrombaram o quiosque e foram levados para o Ciosp do Pacoval.

Em primeiro plano a única mulher que mora com o grupo: "Aqui eu fumo à vontade"

Em primeiro plano a única mulher que mora com o grupo: “Aqui eu fumo à vontade”

O abrigo fica debaixo de uma sorveteria e existe há muito tempo. Na verdade, as autoridades sabem que ali moram viciados e ladrões, mas ninguém até hoje fez nada para lacrar o lugar.

Seles Nafes
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